"Natasha. Esse era o nome da garota  Natasha. Esse era o nome da garota popular com o coração de pedra. Que todas as passadas que dava em frente ao espelho escovava os cabelos sedosos e repetia a passagem do batom rosado pela boca macia. Sempre adotou a velha teoria de que a vida era apenas uma passagem vivida de qualquer jeito. Sem traços marcantes, sem sensações congelantes, sem uma lembrança constante. Queria mostrar tudo que não tinha. Ou talvez tinha. Tinha as melhores roupas, os melhores calçados, os melhores perfumes que acabara de ser lançado em outro País. Tinha total disposição e sorriso na cara pra sair durante o dia. Quem assistia a sua passagem pelas ruas ficava se perguntando pra onde ia, ou se talvez fosse uma passarela imaginaria pra ela. Mas o que ninguém sabia ou desconfiava era que Natasha sabia manusear as mascaras muito bem, em qualquer hora do dia ou lugar. Mas de noite não, de noite ela era forçada a largar toda boa aparência e todo sorriso forçado. Tinha que cair na sua realidade. Afinal a realidade é toda a sua fraqueza, toda estupidez e magoa que levara escondendo durante o dia. Porque ela escondia no fundo da sua bolsa nova toda a dor da noite, escondia dentro dos sapatos toda a fraqueza e mal aparência. Porque ninguém poderia ver o seu estado humilhante em cima da cama, ninguém podia ver que de noite ela chorava e era infeliz. Motivos? Ah, tantos. Ela tinha depositado todo o passado debaixo do tapete. Aquele tapete que ficava no fundo do quintal, porque o da entrada já estava cheio de grandes ilusões. Pensava que sempre iria ser aquela garota forte, sorridente e bem alinhada nos padrões de vida. Mas não, ela era forte mas não era de ferro, era forte mas não soube por regras no tal coração que carregava. Garota ingênua, pensando que por toda a vida iria servir de marionete. Arrastada de um lado para o outro com um sorriso na cara. Mas se enganou, porque a vida a fez cair do cavalo e se machucar profundamente. Pobre Natasha, na rua com brilho nos seus cabelos loiros e com um sapato da moda. Mas dentro de casa é só mais um resto de garota pedindo socorro…

— Jess, nadadeperfeita.