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quinta-feira, 29 de maio de 2014

“Desisti. E essa é a coisa mais triste que tenho a dizer. A coisa mais triste que já me aconteceu. Eu simplesmente desisti. Não brigo mais com a vida, não quero entender nada. Vou nos lugares, vejo a opinião de todo mundo, coisas que acho deprê, outras que quero somar, mas as deixo lá. Deixo tudo lá. Não mexo em nada. Não quero. Me nego a brigar. Pra quê? Passei uma vida sendo a irritadinha, a que queria tudo do seu jeito. Amor só é amor se for assim. Sotaque tem que ser assim. Comer tem que ser assim. Dirigir, trabalhar, dormir, respirar. E eu seguia brigando. Querendo o mundo do meu jeito. Na minha hora. Querendo consertar a fome do mundo e o restaurante brega. Agora, não quero mais nada. De verdade. Não vejo o que é feio e o que é bonito. Não ligo se a faca tirar uma lasca do meu dedo na hora de cortar a maçã. Não ligo pra dor. Pro sangue. Pro desfecho da novela. Se o trânsito parou, não buzino. Se o brinco foi pelo ralo, foda-se. Deixa assim. A vida é assim. Não brigo mais. Não quero arrumar, tentar, me vingar, não quero segunda chance, não quero ganhar, não quero vencer, não quero a última palavra, a explicação, a mudança, a luta, o jeito. Eu quero não sentir. Quero ver a vida em volta, sem sentir nada. Quero ter uma emoção paralítica. Só rir de leve e superficialmente. Do que tiver muita graça. E talvez escorrer uma lágrima para o que for insuportável. Nada pessoal. Algo tipo fantoche, alguém que enfie a mão por dentro de mim, vez ou outra, e me cause um movimento qualquer. Quero não sentir mais porra nenhuma. Só não sou uma suicida em potencial porque ser fria me causa alguma curiosidade. O mundo me viu descabelar, agora vai me ver dormir. Eu quis tanto ser feliz. Tanto. Chegava a ser arrogante. Tanta coisa dentro do peito. Tanta vida. Tanta coisa que só afugenta a tudo e a todos. Ninguém dá conta do saco sem fundo de quem devora o mundo e ainda assim não basta. Ninguém dá conta e quer saber? Nem eu. Chega. Não quero mais ser feliz. Nem triste. Nem nada. Eu quis muito mandar na vida. Agora, nem chego a ser mandada por ela. Eu simplesmente me recuso a repassar a história, seja ela qual for, pela milésima vez. Deixa a vida ser como é. Desde que eu continue dormindo. Ser invisível, meu grande pavor, ganhou finalmente uma grande desimportância. Quase um alivio. I don’t care.”
“Talvez eu queira demais. Não só de mim, entende? Dos outros também. Espero que descubram, por trás dos meus disfarces, toda a coisa. Porque as nossas angústias usam máscaras. E eu tenho uma mania de ser valente, dá até medo. O mundo entra na mochila e ela fica mais pesada que rocha. Aí brinco de tartaruga e quero levar tudo dentro. Nem eu me seguro, ora. Não sei porque insisto. Às vezes não dá, tenho que aceitar isso. Não é vergonhoso, nem fraco, é que não dá. Porque não. Mas, você sabe, não aceito essas respostas.” 

— Clarissa Corrêa.

terça-feira, 27 de maio de 2014

Eles não tinham muito – não um pelo outro. Pra falar a verdade, eles meio que já tinham tudo fora daquele – circulo, triângulo, quadrado – amoroso. Era tudo muito bem esclarecido, nada de posse. Não se precisavam, se fossem parar pra pensar. Puro interesse. Se usavam mutuamente e reciprocamente. Se usavam pra fugir um pouco, fingir que a vida era mais do que o que eles já tinham. Válvula de escape. Paixão, amor, futuro, nenhum dos dois sequer cogitava tais possibilidades. Quando tem sentimento envolvido ninguém nunca acha palavras pra definir. Nesse caso, mil palavras definiam. Mas ninguém ligava. Não muito. Afinal, querendo ou não, eram dois mundos. Dois mundos escapando um pouco de todo o resto e de todos os outros. Envolvia certas coisas que ninguém sabia, mas eles imaginavam, respeitavam. Ninguém perguntava, não um pro outro. Só pra si mesmo. E a resposta era sempre muito vaga, incerta. Talvez por isso que no fim sempre dava vontade de voltar pro início. A incerteza tem aquele mistério, aquela pulguinha atrás da orelha que fica te mordendo até você descobrir. Descobrir qualquer coisa. Mesmo que, no fundo, os dois meio que já soubessem de tudo. Mesmo que eles, no fundo, não tivessem nada. A incerteza vai até o fim pra virar certeza. Ninguém deita em paz na cama no fim do dia quando alguma coisa na vida tá incerta. Pois bem, nenhum dos dois dormia em paz. Com ou sem sentimento, no silêncio do quarto escuro, um sempre pensava no outro.
Teca Florencio.
"Acabou meio que inacabado, como sempre. Cheio de palavras não ditas e milhares de casos nas entrelinhas.
É triste porque foi bom, foi vivido, foi intenso. E isso faz falta. Faz falta passar as tardes frias debaixo da coberta, sair acompanhada, ficar falando besteira e andar na rua de mãos dadas."
“Bom dia!” — Ele mandava todos os dias. Um bom dia simples, sem exageros. Até que então, ela o questionou:
— Você manda esse “bom dia” seco, como se fosse no automático, como se não fosse nada demais.
— É o meu “Bom dia!” carinhoso. — Replicou.
— É isso que você chama de carinhoso? Nem de longe isso poderia ser chamado de carinho! — Gritou.
— Você não entende mesmo o que é o meu carinhoso.
— Não? Então me explique, adoraria que me explicasse. É obvio que você não se importa comigo, que sou mais uma, que não tenho valor para você…
— Você — Ele interrompeu. — É a única que eu dou bom dia, todos os dias. A única.”
— Allax Garcia
Paquerar é bom, beijar melhor ainda. Mas não é por isso que temos que ir à festas pensando em quantas bocas vamos beijar. Tesão é bom, mas tesão por tesão termina em noites solitárias e vazias. Quem adota o “ai se eu te pego” como estilo de vida, não sabe o valor de um “amor I Love you”.
Não sabe como é bom paquerar de verdade, durante dias, meses até e não umas poucas horas regadas a bebidas e aos tuntz tuntz das baladas. A paquera boa é aquela que começa com olhares, depois vem o interesse pelas pequenas descobertas do outro, seguido de sorrisos e conversas cada vez mais frequentes. Até que começam as pequenas indiretas - tão diretas que qualquer um percebe – e uma pitada de implicância, cumprimentos com beijinhos perto da boca e o frio na barriga do primeiro encontro.
Ahh o primeiro encontro! As borboletas no estômago, os risos fáceis. Um pouco de timidez e charme também. Mãos que se encostam, braços que se procuram. Risadas, mãos, braços, corações. Risadas, corações. Descompassados, acelerados. Beijo. Romance a vista? Não sei. Talvez. Romance e amor são construídos e fortificados com o tempo, com a vontade de vencer as diferenças e aceitar os defeitos. Mas tudo isso pode ser a felicidade batendo na porta. Felicidade. Aquela sabe? Que todas as noites, quando coloca a cabeça no travesseiro, você se pergunta onde está.


(Ivana Guimarães)
“Lá está ela, mais uma vez. Não sei, não vou saber, não dá pra entender como ela não se cansa disso. Sabe que tudo acontece como um jogo, se é de azar ou de sorte, não dá pra prever. Ou melhor, até se pode prever, mas ela dispensa.
Acredito que essa moça, no fundo gosta dessas coisas. De se apaixonar, de se jogar num rio onde ela não sabe se consegue nadar. Ela não desiste e leva bóias. E se ela se afogar, se recupera.
Estranho é que ela já apanhou demais da vida. Essa moça tem relacionamentos estranhos, acho que ela está condicionada a ser uma pessoa substituta. E quem não é?
A gente sempre acha que é especial na vida de alguém, mas o que te garante que você não está somente servindo pra tapar buracos, servindo de curativo pras feridas antigas?
A moça…ela muito amou, ama, amará, e muito se machuca também. Porque amar também é isso, não? Dar o seu melhor pra curar outra pessoa de todos os golpes, até que ela fique bem e te deixe pra trás, fraco e sangrando. Daí você espera por alguém que venha te curar.
Às vezes esse alguém aparece, outras vezes, não. E pra ela? Por quem ela espera? Nem ela sabe. E assim, aos poucos, ela se esquece dos socos, pontapés, golpes baixos que a vida lhe deu e lhe dará.
A moça – que não era Capitu, mas também tem olhos de ressaca – levanta e segue em frente.
Não por ser forte, e sim pelo contrário… Por saber que é fraca o bastante para não conseguir ter ódio no seu coração, na sua alma, na sua essência. E ama, sabendo que vai chorar muitas vezes ainda. Afinal, foi chorando que ela, você e todos os outros, vieram ao mundo.”

(Caio Fernando Abreu)
"Diz pra ele que eu até aprendi a tirar no violão a música preferida dele e que toda vez que eu canto num karaokê, é pra ele. Que eu fico até feliz de ver como ele sorri nas fotos com você, mas que eu não consigo deixar de sentir aquela pontada no peito e a dor no estômago por não ser mais eu. Diz pra ele que as coisas vão bem, obrigada, mas bem nunca vai ser exatamente o que eu queria que fosse. E o que eu sinto tá guardado, sem lacre, numa caixa aqui de casa. Vai que um dia ele resolve voltar pra buscar a camisa sem botão, umas caixas e resolve me levar junto de vez?
Ô moça, cuida dele por mim, por favor. Cuida dele como ele sempre cuidou de mim."

Entre todas as coisas
"Não faz sentido chamar nós mesmos de feios, porque nós não nos vemos realmente. Nós não nos vemos na cama, dormindo, silenciosos e enrolado no cobertor, respirando em nosso próprio ritmo. Nós não nos vemos lendo um livro, com os olhos brilhando e acompanhando cada palavra. Nós não nos vemos olhando para outra pessoa com amor e carinho dentro do nosso coração. Não há nenhum espelho por perto quando você está rindo e sorrindo com felicidade nos olhos. Você veria exatamente como você é lindo se você se visse nos momentos em que você é realmente você."

sábado, 24 de maio de 2014

Antigamente eu me desesperava. Queria dizer “Ei, peraí, fica mais cinco minutinhos. Deixa eu mostrar o quanto sou engraçada. Porque eu sou, sabia? Sou muito divertida! Não tive tempo de mostrar tanta coisa, toma um café e espera?”. Ficava me culpando por meses qualquer fim que não partisse de mim. Qualquer fim antes que eu pudesse fechar o ciclo de me encantar-gostar-apaixonar-enjoar. Que afronta pular fora antes do meu tempo! Ainda não pude ser carinhosa, não tinha tido oportunidade de ser cara de pau e louca, como você gosta. Não deu pra socializar com seus amigos chatos, mas eu vou tentar, senta aí um pouco. E queria perguntar por que eles estavam cruzando a porta. O que eu fiz de errado, o que eu fiz de certo, pra eu mudar e ninguém mais sair assim. O que eu não precisava ter dito e tudo que eu não disse e precisava ser ouvido. Fui demais, de menos? Sufoquei, deixei muito solto? Fui muito mais ou menos? Qual é, tem que ter um motivo e eu merecia saber qual era. Era o mínimo. Hoje não! Se for embora, já foi tarde. Chega de perder meu tempo e desperdiçar tudo que eu me esforço tanto pra fazer bem com quem tá comigo olhando pro relógio. Se não tive do meu lado de corpo, mente e coração, te levo até a porta, te convido a sair. De coração, é um favor que me faz.
Tati Bernardi
A pessoa mais bacana do mundo também tem um lado perverso. A pessoa mais arrogante pode ter dentro de si um meigo. Escolhemos a versão oficial para consumo externo, mas os nossos eus secretos também existem e só estão esperando uma provocação para se apresentarem publicamente. A questão é perceber se a pessoa com quem você convive ajuda você a revelar o seu melhor ou o seu pior.
Eu me jogo no chão de tanta dor. Lembrando como era lindo dividir nossas músicas que sempre viravam hits para nossas impossibilidades. E como era lindo iluminar o escuro dos esconderijos com os seus olhos. E então te amo de novo, infinitamente, quase sem ar. E depois isso passa. Depois te esqueço. Como já esqueci tantas vezes. E você não é mais ninguém como de fato já não é há muito tempo. Mas preciso de mais. E então me recordo mais uma vez dele e seu sorriso congelado. Nenhuma pedra minha sequer arranhou sua pintura perfeita. A imagem é sempre dele indo embora com a roupa cheirosa, o topete impecável, os dentes fortes e a vida ajeitada. E de eu ficando pra trás, rasgada, suja, cuspindo sangue e sentindo uma falta absurda de alguns motivos para viver, que ele roubou para se abastecer.
De qualquer forma, não esqueça das seguintes verdades: Não faça nada que não te deixe em paz consigo mesma; cuidado com o que anda desabafando; conte até três; antes só do que muito acompanhado; esperar não significa inércia, muito menos desinteresse; renunciar não quer dizer que não ame; abrir mão não quer dizer que não queira. O tempo ensina, mas não cura.
Tem gente que não merece o nosso coração aberto. Certas pessoas não precisam conhecer nossa alma. Porque elas nem vão saber o que fazer com tanta informação. Tem gente ruim no mundo, já me convenci disso. Espero que você entenda isso também. E que não sofra tanto ao constatar que nem todo mundo quer o seu bem. Algumas pessoas sentem prazer em perturbar os outros. O que ganham em troca? Não sei. E nem quero descobrir.

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Todos nós, iremos saber, no momento certo, no dia certo, na hora certa e quando a pessoa certa estiver pronta para entrar em nossas vidas, que ela chegou e veio para ficar. E para você que tem alguém do seu lado, valorize! Mais por favor. Não opte por gostar de alguém por interesse, e nem desvalorize o amor que a pessoa tenha por você. Cárater e amor, são uma das coisas que DINHEIRO nenhum no mundo pode comprar. Pode demorar, mais o tempo de DEUS, não é e nunca vai ser igual ao nosso. Aprender a esperar, e não achar que as coisas devem acontecer da maneira que você acha que tem que acontecer. Deus antes de você nascer, já preparou quem vai te fazer feliz pelo resto de sua vida. Então, é preciso enfrentar obstáculos, para no final estarmos mais fortes, para darmos valor ao que foi difícil conquistar e aprendermos que tudo que é demorado, tem algo de muito precioso. Mais lembre-se, não corra atrás de quem não daria nem um passo por você. Corra atrás daquele(a) que em atitudes, prova que você é importante na vida dele(a).

quarta-feira, 21 de maio de 2014

"Quero te dizer que muito mais importante que ter alguém, é ter paz. Muito mais importante que ter alguém é saber lidar com você mesmo. É se gostar, se curtir, se suportar, se superar todo dia… Muito mais importante que ter alguém é estar todo dia verdadeiramente apaixonado pelo “alguém” mais importante da sua vida: você mesmo."
“Eu vou ignorar você em alguns momentos e logo depois vou te procurar como se a distância me arrancasse os pulmões. Vou fingir que minha loucura não é o que nos afasta e que você não gosta disso. Eu vou cansar, xingar você, mas depois vou querer um pouco do teu colo. Meus ciúmes irão te chatear ou aumentar o teu ego, você só precisa aprender a não instigá-los e então seremos felizes. Não sempre, claro, mas até o próximo surto, me curta. Aproveita meus momentos de puro dengo e me escuta dizer baixinho, sussurrando que é de você que eu gosto. Mas depois me deixa te bater, porque eu vou fingir que me zango para te ver preocupado em me acalmar. Pede desculpa, vai, espera que vou me desculpar. Se eu der beijinho, sara? Me ensina um jeito bom de amar.”
— Casebre.
“Mesmo que a gente dê errado, mesmo que a gente não seja certo um pro outro. É a minha bagunça que tu curte, são tuas complicações que eu gosto. Não dá pra entender, mas é isso que a gente é.” 

— Robin and Stubb.
“Eu sei que tudo isso serão apenas histórias algum dia. E nossas fotos se tornarão velhas fotografias. E todos nós nos tornaremos mãe ou pai de alguém. Mas agora, exatamente agora, esses momentos não são histórias. Está acontecendo. Eu posso ver. Aquele momento que você sabe que você não é uma história triste. Você está vivo. E você se levanta e vê as luzes nos edifícios e tudo faz você se maravilhar. E você está ouvindo aquela música no carro, junto às pessoas que você mais ama no mundo. E nesse momento, eu juro, nós somos infinitos.” 

— As Vantagens de Ser Invisível.
Você não acha que já tirou muito de mim? Meus sonhos, meus planos, meus carinhos, meus beijos, meus pensamentos, eu. O que mais pode querer? Você tirou partido de mim e me deixou (des)feita em pedaços. Tem noção do quão difícil é se reconstruir, juntar cada parte outra vez, refazer o que o desamor desfez? Não, não responda. Você não sabe, é claro que não sabe. Aliás, nunca soube de nada em relação a mim, nem ao menos se interessou em saber. Você desnudou meus sentimentos e me despiu de todo e qualquer amor próprio. É difícil amar por dois, oferecer a alguém o que não tenho nem para mim mesma. Tem noção do quão ridícula me senti vestindo-me apenas de esperanças? Você abusou de tudo o que lhe dei e se recusou a me dar qualquer coisa que eu pedia. E eu só pedi um pouco de ti.
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Não, eu não tirei nada de ti. Você que me deu seus sonhos, seus planos, seus carinhos, seus beijos, seus pensamentos, você — sem perguntar se eu queria. Eu só quero que você pare de me culpar por suas dores, por sua decepção, por seus desamores. Nunca quis te destruir, deixar-te em pedaços. Você me encaixou em seus vazios impreenchíveis e depois se sentiu incompleta quando eu te deixei. Como você pôde deixar alguém te destruir dessa forma? Não faça mais isso, moça. Você já é completa. Essa ideia de que alguém nos completa é besteira. Ou então todos vivemos pela metade? Os seus vazios fazem parte de você e nada nem ninguém pode preenchê-los, entenda, aceite, não chore. Precisamos desses espaços vazios em nós para não sufocarmos. Eu sempre soube muito de ti, tanto a ponto de te deixar. Vista-se, moça, e não tire mais a roupa — nem seu amor próprio — para qualquer um. Você teve de mim a reserva de amor que guardo para as outras pessoas. O resto é meu


- Dani lusa
“Antes de nos termos encontrado, atravessava a vida sem sentido, sem razão. Sei que de alguma maneira, todos os passos que dei desde o momento em que comecei a andar eram passos dirigidos ao teu encontro. Estávamos destinados a encontrarmo-nos…” 

— Nicholas Sparks.
"Você não entende como não começa um relacionamento, como não se apaixona novamente, como não muda de vida.Reclama da ausência de opções. É bonita, inteligente, divertida.Minha hipótese é que não abandonou o passado.Mantém flertes com o ex indiferente, ou continua saindo com sujeito que jamais assumirá o romance.Raciocina que, enquanto não vem o escolhido, o príncipe, pode se entreter com velhas paixões.Mas todos pressentem quando uma mulher está enrolada, todos intuem o caso mal resolvido, e não se aproximam.Não virá ninguém para espantar os corvos e dissolver essa atmosfera pesada de Prometeu.É trabalho em vão soterrar o precipício. Mulher desinteressada é impossível.Ninguém ousará quebrar o monopólio de sua dor.Você cheira a encrenca, cheira fidelidade a um terceiro. Seus ouvidos estão lentos, sua boca paira em distante lugar, seus olhos se distraem seguidamente.Não tem brilho na pele, porém tensão nos ombros.Sua respiração é um poço de suspiros.Vive ansiosa por notícias, por reatos, mensagens. Não presta atenção, não se entrega para as casualidades.Quem enxerga fantasmas não vê os vivos.Não dá para começar um novo amor sem abandonar os anteriores. Errada a regra que a gente somente esquece um amor antigo por um novo.Está com o corpo fechado, costurado, mentindo que já não sofre mais com as cicatrizes.Espera herança, não sai para trabalhar ternuras.Mendiga retornos, não cria memória.Sua nudez não responde ao pedido da curva. Nem balança com a música favorita.Está tomada do carma, do veneno, do ressentimento.Pensa que está bem, mas está em luto. Uma mulher em luto não permite arrebatamentos, afasta-se na primeira gentileza que receber, recusa a prosperidade das pálpebras piscando nos bares e restaurantes.Você nunca vai encontrar seu namoro, seu casamento, sua paz, se não terminar de se arrepender.É preciso guardar o máximo de ar, ir ao fundo, descer na tristeza e nadar para longe dela.Não amará outro alguém sem solucionar pendências, sem recusar o homem que não a merece, o homem que não vai embora e tampouco fica.Não amará outro alguém sem abandonar algumas horas de alívio em motéis.Não amará outro alguém se não bloquear as recaídas, se insistir em ressuscitar as promessas.Uma mulher nunca será inteira se mantém romances quebrados.Nunca estará presente.Nunca estará aqui.Entenda, minha amiga, só ama quem está disposta a ser amada.”
CARPINEJAR

terça-feira, 6 de maio de 2014

A gente vive se questionando dizendo que as coisas só dão errado com a gente. Mas será que é mesmo assim? Estava conversando com uma amiga, que anda desanimada como eu, quando o assunto é encontrar uma pessoa especial, alguém pra se levar a sério. O motivo do meu desânimo era o mesmo, mas não conseguia entender exatamente o porquê disso. Acho que o problema não é conhecer uma pessoa legal, mas conseguir enxergá-la. Conhecemos milhares por aí o tempo todo, mas nem sempre damos valor a isso. Minha mãe diz que eu sou a rainha do dedo podre, só escolho porcaria (meus ex-namorados que me perdoem, existem exceções). Mas a verdade é que sempre acabamos nos bandeando pro lado de quem sabemos que não está afim de se envolver. Dificilmente encontraremos nosso futuro namorado em balada ou coisa parecida. O cara que dá mole pra você e metade das suas amigas dificilmente te levará a sério. E não, você não precisa querer mudá-lo, isso é um direito dele, cabe a você aceitar ou não. Pode até ser que dê certo, mas se as atitudes do mesmo te provam o contrário todos os dias, pra que insistir? Nunca gostei de métodos de tortura. Mania boba e burra essa de acreditar que com a gente vai ser diferente. Nem sempre vai ser. Ele tem o direito de só querer curtir, assim como você também tem. Encara quem quer. Não adianta depositar todas as suas esperanças e fichas em alguém que não faça questão nenhuma disso. Precisamos aprender a enxergar além da capa, além dos excessos de álcool na noite e elogios – quase sempre comuns e sem graça – nas fotos do facebook e instagram. Vejo amigas comemorarem uma curtida em foto como se fosse final de Copa do Mundo. Prefiro comemorar quando o cara vem me dar um boa noite antes de dormir, a troco de nada. Quando procura saber como foi o meu dia, ou diz que quer me ver, mesmo que eu não dê tanta confiança assim de primeira. Isso sim é ganhar uma, ao meu ver. Basta aprender a enxergar.

Carolline Vieira
“Sabe de uma coisa? Não, você não sabe. Vou te contar. Eu ando tão sensível. Precisando assim de uma palavra suave, de um gesto inesperado - e belo. Você consegue me surpreender de um jeito bom? Diz que sim, preciso tanto de você. Que coisa louca essa: a gente precisa de alguém. Mas, sabe, a gente sempre precisa de alguma coisa que nos coloque no eixo. Ando meio fora dos trilhos, se é que você me entende. Andei pensando na vida - é, sei que isso dá calafrios…” 

— Clarissa Corrêa.
“Às vezes, o que precisamos está tão próximo… Passamos, olhamos, mas não enxergamos. Não basta apenas olhar. É preciso saber olhar com os olhos, enxergar com a alma e apreciar com o coração. O primeiro passo para existir é imaginar. O segundo é nunca se esquecer de que querer fazer é poder fazer, basta acreditar.” 

— Pedro Bial.
Ando um pouco assustada com a vida. As pessoas, por mais que eu não queira, vivem me surpreendendo. Algumas para o bem e outras para o mal. Sei que ninguém é santo nem demônio. Também sei que expectativas são apenas expectativas. Mas as pequenas decepções ocorrem diariamente, é inevitável. Eu decepciono, você decepciona, eles decepcionam. E assim a vida segue, um pouco decepcionada, mas com um tantinho de fé.
“Quando você chega à emergência de um hospital, uma das primeiras coisas que eles pedem é que você dê uma nota para a sua dor numa escala de um a dez. Me lembro de uma vez, logo no inicio, em que eu não estava conseguindo respirar e parecia que meu peito estava pegando fogo, as chamas lambendo meu tórax por dentro, tentando encontrar um jeito de sair e queimar o lado de fora, e meus pais me levaram para a emergência. Uma enfermeira perguntou sobre a dor e eu não conseguia nem falar, então mostrei nove dedos. Depois, quando já tinham me dado alguma coisa, a enfermeira voltou e ficou meio que acariciando minha mão enquanto media minha pressão arterial, então disse: Sabe como sei que você é guerreira? Você chamou um dez de nove.”
— A culpa é das estrelas.
Se eu gosto de você, te levo no peito e não te esqueço. Não vou ser falsa, não tenho a capacidade de olhar no seu olho, sorrir e depois sentar no bar e falar mal até da sua avó. Não aceito esse tipo de coisa. Conheço muita gente, mas conto meus amigos nos dedos. E prefiro assim. Tem gente que eu saio, tomo drinks coloridinhos, dou risada e ponto final. E tem gente que na hora do desespero ou da alegria infinita eu ligo e choro ou sorrio de orelha a orelha. E quero que continue assim. De verdade. Não tenho a ilusão que todo mundo é meu amigo. Só quero ter a certeza de que quem olha nos meus olhos não mente, não trapaceia e não é filho da mãe. Porque tá cheinho de filho da mãe nesse mundo. A gente tem que tomar cuidado e aprender a se defender. Mesmo que doa.
Tati Bernardi
“Você cresce. Suas roupas ficam menores, as ofensas já não acertam na mesma intensidade. Você expande seu campo de visão, e enxerga tudo o que não passava de um grande nada. Os dias passam, problemas aumentam, e o tempo se reduz. Responsabilidades, contas, horários, prazos, preocupações, e finalmente, a tão sonhada independência. Você cresce, as piadas tornam-se cansativas, as histórias entediantes, as pessoas irritantes, os amigos antigos vão sumindo aos poucos por estarem crescendo também. Você cresce, e ironicamente se sente menor, a rotina te aperta, e saudade te engole. Todo mundo cresce, e a maturidade tem um preço, quem diria que ser livre pode custar a liberdade? Te obrigam a voar, enquanto seguram suas asas. Amadureça, mas não cresça antes do tempo. Aproveite sua juventude, e acredite, crescer tem lá suas desvantagens.”

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Eu tava bem ali, do lado dele. E a única coisa que pensava era que ali era o único lugar que eu não deveria estar. De algum jeito, em alguma dessas curvas, a gente mudou. Eu entrei no retorno e ele seguiu a via. E ainda assim continuamos de mãos dadas. Acho que dá pra imaginar a dor de se sentir sendo puxada pra frente enquanto você tá seguindo na direção contrária. Doía cada pedaço do meu corpo. Juro. Porque, de algum jeito, que não dá explicar, eu ainda queria a mão dele na minha. Eu queria querer seguir em frente, na mesma direção, só pra ter ele por perto. Mas não dava. Impossível. Abrir mão de mim tava fora de cogitação, mesmo que isso implicasse abrir mão da metade de mim. Eu sentia saudade de nós mesmo quando ainda éramos nós. Tava tudo errado. Nossa linha paralela tinha virado perpendicular e eu demorei a perceber. O lado a lado não passava de uma ilusão de ótica e eu não precisava de mais utopia. Acho que minha mão doeu mais ao se soltar do que quando tava sendo puxada. Não tento entender. Tento seguir e, vez ou outra, paro no meio da estrada só pra ver se ele tá por aqui – no mesmo caminho ou pelo menos parado ali pela esquina.
Teca Florencio.
Não tô vivendo um dos momentos mais fáceis da minha vida e o meu reflexo é me isolar. Não ao extremo de ficar trancada no quarto, mas programas leves com amigas muito próximas é o máximo que o meu corpo tem pedido ultimamente. Preguiça de socializar, rir pra parecer simpática, disfarçar a vontade constante de ir embora. Ando sem paciência até pras redes sociais, só queria deitar e esperar o mar ficar mais calmo. Não posso me dar a esse luxo de pausar a vida, tudo bem. É um processo tão interno, que eu nem estaria escrevendo esse texto se não fosse você no meio do caminho. Você que não é pedra, então foge imediatamente do perfil que eu costumo encontrar. Você que faz com que eu queira me isolar a dois e pense que as coisas nem andam tão ruins. Eu queria um jeito de bloquear os flashes da sua mão esquecida na minha coxa ou as lembranças em câmera lenta da sua risada gostosa. Porque ter tanta saudade de algo tão recém nascido me assusta e me parece algum tipo de aborto. Eu ouço sirenes soando e vejo uma faixa amarela em volta, sem saber se anuncia salvação ou perdição. E acho que, na verdade, não quero saber. É bom e basta. Não é assim? Tô quietinha, sem complicar, sem esperar, sem me desesperar calculando o fim. Todo e qualquer alarme é sufocado pelos suspiros de paz a cada mensagem e eu aceito a condição do risco, por todos esses sorrisos impossíveis que você arranca de mim.

Marcella Fernanda
Meus romances nunca deram certo, deve ser por isso que não acredito no amor. Sempre tem entrada e saída de pessoas em minha vida que nunca me acostumei. Mas eu tenho esperanças, afinal, até panela tem sua tampa, o tênis tem seu cadarço, o brinco tem sua tarraxinha. O amor é um quebra-cabeças que parece que nunca irá ser montado, mas ainda tem todas suas peças, só basta encaixá-las. Mas amar é isso: se jogar sem saber onde irá cair, aonde irar parar, se vai ficar na curva ou seguir em frente, mas eu ainda espero que ele me faz acreditar nele.
Minha amiga disse que eu sou muito folgada, quero que o mundo se adapte a mim. E que esse é o meu problema, eu já começo colocando barreiras, vou morrer sozinha. Não gosto quando praguejam que eu vou morrer sozinha, como se eu estivesse fazendo por merecer esse grande final. E não gosto, principalmente, porque isso não seria um castigo e sim uma escolha. Juro que prefiro solidão a um do que a dois. Ou, no auge do egoísmo, parar com um desses carinhas que a gente sabe que são incríveis, mas não rola, não flui. Eles merecem ser amados e eu não tenho o direito de privá-los disso. Acredito que folgada seja quem se espalha nessa comodidade. Não crio barreiras. Elas se criaram sozinhas quando eu me posicionei pro mundo. E acho que se for pra ser, se for mesmo pra ser, o cara quebra as barreiras. Se não for, elas me poupam. E tem me poupado! De todos os tantos anos que me virei do avesso pra me adaptar aos outros, só ganhei cicatrizes. Parei. Se é a melhor postura, não sei, mas hoje eu ando sem dor. Minha amiga derruba barreiras, escancara as portas e tá aí, sem amor. Sentimento não é um favor. Prefiro ser minha a viver disposta a ser de quem for.

Marcella Fernanda
“Você não vê? Você sorriu pra mim quando eu bati no seu portão bêbado. Você não entende? Você sorriu. E eu, no meio de tudo, fui procurar logo você. Mas você não entende, não é? Você sorriu. Sorriu para o cara bêbado no seu portão na madrugada, sorriu para o cara que te fez chorar tantas vezes. E mesmo quando eu te larguei no meio da festa, você ainda sorriu pra mim. Quando eu parei de te atender, você passou por mim e sorriu. Eu fui embora, por que eu sempre vou embora, mas você me viu, me achou e sorriu. Você sorriu e me trouxe de volta, não pra você, pra mim. Porque é isso que você faz, você sempre me traz de volta para o cara que só você conhece. Você me viu e sorriu. E mesmo que se passe mil anos, você ainda vai sorrir pra mim todas as vezes que nossos caminhos se cruzarem. Você sorriu e eu perdi meu chão. Por estar bêbado no seu portão, falando coisas que não faziam o menor sentido, por estar, no meio dessa confusão toda, procurando a única pessoa que sempre sorriu pra mim. E sabe o que você fez? Você sorriu.”
“Tenho uma amiga que quando percebe que eu estou triste costuma me perguntar quem roubou a minha caixa de lápis de cor. Tem vez que nem pergunta, apenas comenta: “poxa, dessa vez levaram as cores que você mais gosta!” A tristeza afrouxa um pouco, por mais que eu esteja chateada. Primeiro, porque é muito bom a gente se sentir olhado com carinho. Depois, porque essa expressão tem uma inocência capaz de fazer gente grande tocar em coisas sérias sem ficar com medo de queimar a mão. De vez em quando, ao ouvir a pergunta, acontece de uma lágrima ou outra escapulir, afeitos que alguns sentimento são a desaguar no rosto quando o coração fica apertado. Mas, algumas vezes, quando eu choro diante dessa indagação não é pelas cores que não encontro na caixa nem por lembrar de quem supostamente as roubou. Choro por perceber que ainda dou aos outros o poder de roubá-las. Por notar que, no fim das contas, quem rouba os meus lápis de cor preferidos sou eu.”

— Ana Jácomo
Peguei meu telefone, e naquela hora não sabia se era certo, ou se tinha mesmo a necessidade de fazer aquilo. Não sei explicar, meus dedos começaram se mover descontroladamente em busca dos dígitos do seu celular, e acabaram indo de encontro com a sua voz embarcada de frieza, que faz qualquer coração gelar ao ouvir. Foi sem querer, eu juro. Não queria te ligar. É que meus dedos já percorreram tanto os seus fios de cabelo quando nos amávamos, que acabou buscando outro artifício para te lembrar de que ainda estou por aqui, vagando no poço de esperança que você insiste em jogar água, quando já estava acostumado com a seca faz tempo.” 

— Junior Lima.
“Ela trouxe palavras bonitas e alguns cigarros. Trouxe também aquele sorriso de canto e contou algumas histórias engraçadas. Rimos tanto, tanto, tanto, entretanto ela pediu para que eu esboçasse um gesto de entendimento: eu não conseguia entender uma palavra sequer. Ela então apagou seu último cigarro com a naturalidade de quem está acostumada a enterrar os primeiros amores. Rasgou os meus contos ainda não escritos e escreveu no espelho, com a delicadeza de uma mão trêmula, “eu te amo tanto que prefiro não te estragar. Adeus”. Depois de rir e vir tantas vezes pelo meu mundo, desapareceu levando os silêncios, as cinzas, os contos e esse coração aprendiz que, de tanto esperar, desaprendeu a ter paciência.”

— Eu me chamo Antônio.
“O que as pessoas mais desejam é alguém que as escute de maneira calma e tranquila. Em silêncio. Sem dar conselhos. Sem que digam: “Se eu fosse você”. A gente ama não é a pessoa que fala bonito. É a pessoa que escuta bonito. A fala só é bonita quando ela nasce de uma longa e silenciosa escuta. É na escuta que o amor começa. E é na não-escuta que ele termina. Não aprendi isso nos livros. Aprendi prestando atenção.” 

— Rubem Alves