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quinta-feira, 2 de outubro de 2014

"Olá, João. Ou João Gabriel. Ou Santiago, não sabemos ainda, eu e sua mãe não conseguimos nos decidir. Sei que eu queria brasileirar Lenon ou Dilan, mas sua mãe anda redutiva quanto a isso, diz querer protegê-lo. Mas do quê, a gente pode saber? Talvez de fazer sucesso com as menininhas do Jardim de Infância com um nome lendário desses. Mas não se chateie, ok? Nós vamos encontrar uma solução. Bem, eu não sei como começar isso, é estranho falar com uma barriga gorda, a última vez que fiz isso foi aos sete anos quando o tio Lino me jurou ter comido o Caco, um hamster branquinho que eu tinha. Mas isso é uma longa história. Você quer um hamster também? O pai compra. Pai. Que troço esquisito pra quem ainda come sucrilhos pela manhã. Mas agora está tudo bem. Nós não planejamos você, mas o inesperado aconteceu. Primeiro eu tive algumas crises peterpânicas, sumi por um tempo, cheguei a sugerir que você fosse interrompido. Aí veio o ultrassom, aquela canção do Cat Stevens num comercial sobre o verão, os livros do “Diário de Um Banana” na livraria perto daqui. Então eu decidi que precisava de você, talvez mais que você de mim. Acho que você pode me ensinar muitas coisas. Não coisas como lidar com peitos, isso eu já aprendi aos 23. Há montes de outras coisas que eu preciso saber, como ser menos egoísta, menos farisaísta, menos inconsequente. Ou como dar nó em gravatas, seu avô já tentou trezentas vezes, mas acho que ele não sabe direito o que está fazendo. Bem, acho que já deu pra sentir que ainda estou confuso quanto ao meu papel nessa peça que a vida me pregou. As coisas vão mudar, eu sei, mas acho que vou me sair bem. Dizem que, agora sim, vou conhecer o verdadeiro amor. E, confesso, estou curioso e trêmulo. Talvez eu desmaie no seu parto, tudo bem pra você? Mas é só questão de idade, pulando essa parte a gente pode sair do hospital, conhecer o mundo e passear por aí. Comecei uma poupança pra você. Já tem trinta reais. Sei que não é muita coisa, mas já dá um Mc Lanche Feliz. O que você acha? Depois, mais tarde, talvez uns vinte anos, podemos beber algumas cervejas e falar sobre garotas ou sobre o que está errado na escalação do nosso time do coração. O que você quer agora? Batatas fritas? Uma garupa até a praça do avião? Uma guitarra? Uma estrela do mar? Bem, como você pode ver, o clima é de ansiedade, alegrias e de uns tapinhas nas costas. Tenho recebido muitos abraços, parabéns e recomendações para criar juízo. Não sei que porra as pessoas estão pensando quando me mandam criar juízo. E também não entendo os parabéns, foi fácil e gostoso fazer você, mas isso é papo pra daqui uns quinze anos. Quem sabe, se der tempo, você conheça seu bisavô. Ele está com Alzheimer. Às vezes ele joga o prato inteiro de comida na parede e os adultos acham um pouco triste, mas acho que você vai até achar engraçado. Aliás, estou louco pra escutar seu riso. E também já fiz planos de cantar “Hey Jude” quando você começar a espernear no berço que ganhamos dos seus avós de Pelotas. Não será perfeito o tempo todo. Haverá dias que você vai berrar sem parar e eu vou implorar pra você começar a falar agora mesmo, e diga afinal o que é que você quer. Mas tudo bem, a gente faz as pazes e algumas fuzarcas. E depois você pode adormecer no meu peito assistindo “Três é Demais” no sofá, até a mamãe chegar. Ah, sobre a mamãe. Bem, acontece que não estamos mais juntos. Não sei explicar, essas coisas são meio complicadas, temo que se eu começar a explanar como funciona os relacionamentos você relute sair daí e depois precisaremos gastar todo dinheiro da sua faculdade numa cesariana desnecessária. Vai ser um pouco estranho, mas hoje em dia é comum os pais morarem em apartamentos separados, por mais idiota que isso possa parecer. O lado bom é que você terá dois quartos. É, nós adultos somos muito idiotas mesmo, na maioria das vezes a gente não sabe direito o que está fazendo. Mas não se preocupe, ainda somos amigos, a gente se dá legal e estaremos sempre por perto. Sem brigar, a gente jura. Sei que estamos sempre jurando coisas, mas vamos trabalhar duro. Por você. Certo? Se está bom pra você, dá um chute. Se não, dois. E pode apostar, vamos amar você infinitamente mais e melhor do que a gente já se amou um dia. Como assim, quanto é infinito? Infinito é infinito. É tudo. É pra sempre. É sem fim. É uma coisa que não dá contar nos dedos. Nem na calculadora? Não, nem na calculadora, filho."

Gabito Nunes, amor sem fim.
"Você pode conhecer vinte caras bonitos e que te entendem muito bem, dez caras legais que cuidam de você como se fosse um diamante precioso, uns outros tantos inteligentes, atraentes, bacanas e engraçados em ordem aleatória. Nenhum deles te encanta. Por que? Falta o tão chamado click, aquele jeito especial que ninguém explica. Pode ser o jeito de mexer no cabelo, a forma como ele te olha, que conversa contigo ou até mesmo um jeito secreto que nem o profeta mais sábio percebe, mas que está lá, você pode ver. Entre tantos milhares, talvez um ou outro se salve ao filtro do “jeito”, e daí você percebe: é esse que eu quero abraçar e não largar mais, com quem eu quero me enrolar embaixo de cobertores e com quem eu quero dividir todos meus segredos. Baseado no quê? Num jeito inexplicável ao resto do mundo.” 
— Martha Medeiros.
"Algumas coisas não servem mais. Você sabe. Chega. Porque guardar roupa velha dentro da gaveta é como ocupar o coração com alguém que não lhe serve. Perca de espaço, tempo, paciência e sentimento. Tem tanta gente interessante por aí querendo entrar. Deixa. Deixa entrar: na vida, no coração, na cabeça.” 
— Caio Fernando Abreu.
"Você sorri gostoso. Pergunta se também senti borboletas no estômago. Claro que sim. Comeria até baratas por você, exagero. Mas é sério mesmo. Você diz “ui, que nojo” rindo. Diz que gosta de mim, faço você rir. Merda. O relógio é tipo um assassino do amor. Você me diz pra não falar palavrões. É feio e minha boca é tão bonita. Entendo que minha roupa é tão bonita (essa jaqueta realmente me deixa foda). Não, não. Boca. Lábios. Eu beijo mais uma vez, aquecendo suas orelhinhas. Você diz que queria ficar mais tempo. Eu digo que vou ligar. Você diz que tudo bem, não precisa. Mas eu quero. Eu nunca sei o que fazer numa situação dessas. Quanto tempo espero antes de ligar? Vou embora alegre, pensando em você e bolando um jeito de não mais falar palavrões. Porque nunca mais quero ter de lavar a boca.” 
— Gabito Nunes.
"Quando você se foi, eu jurei pra mim que nunca mas sentiria a sua falta nunca mesmo, eu deixei você ir, não te impendi e nem implorei pra você ficar, eu estava numa fase em minha vida em que não me importava mais. Eu vi você se afastar, foi questões de segundo para uma lagrima insistir em vir eu tentei controlar, mais ela foi mais forte que eu. A verdade e que eu queria que você ficasse ao meu lado. Sei que eu me fiz de forte e de orgulhoso. Hoje faz um mês que se foi e não deu nenhuma noticia, eu to tentando me acostumar com sua ausência, sim você faz um puta falta, mais to tentando amenizar todo esse caos. Tento esquecer os nossos mínimos detalhes. Mais ta difícil, eu sempre me pego pensando em você, e tudo ao meu redor traz tua falta, tudo mesmo. Eu vejo sorrisos, gargalhadas, abraços, olhares, e até sinto o seu cheiro. Ou estou ficando louco, ou a saudade resolveu brincar comigo."

— Guilherme. 
“Deixa ela se sentar na beirada da tua cama e te acordar de surpresa – pra morrer de susto e minizar esse teu medo de aproximação. Deixa ela pender dum balanço, com as mãos pro alto e com os olhos fechados, sentindo a brisa da insegurança na cara e no corpo enquanto você se mobiliza pra não deixá-la cair. Entende o que é carinho e cuidado, rapaz. Deixa ela mudar as tuas coisas de lugar pra você pedir desculpas depois do ataque de raiva e perceber que viver sozinho não tinha essa incerteza toda, esses nervos à flor da pele dela que varam a casa com um perfume. Mesmo não admitindo que seu olfato ainda não se adaptou. Estranha tudo nela, moço. Estranha as calças, as cores, as provas de roupa demoradas, a ternura por programas infantis e se agarra nisso pra não cair num sofá de sala sozinho com pizza e cerveja na mão. Cai com ela e se suja todo de gordura e calabresa pra descobrir que a pizza vem fatiada por alguma razão.Deixa ela escolher o cinema, o horário e a sessão e fica nervoso com o atraso dela. Pensa que ela não gostou de você e que foi uma péssima ideia ter saído de casa, ter saído na chuva, ter saído com ela porque ela nem era tanta coisa assim ou era muita areia pro seu caminhãozinho e calma que ela já chegou. Vai me dizer que essa menina não te tira sorriso nenhum? Nega pra mim, porque pra ela já não cola mais. Que ela não te faz tremer um pouco ou bater a perna irritantemente num ritmo desacelerado por baixo da mesa do bar. E as tuas mãos ficam suadas durante o filme e você esbarra nela sem saber se pega nas mãos dela ou não. Pro beijo foi fácil e o pulo da intimidade de segurar as mãos dela, de envolvê-la nos dedos, nos laços e numa ternura só é que fica difícil. Você não ousa desafiar a tua memória e se esquecer de todas as rejeições, o tanto de não e talvez de quem partiu e te partiu ao meio? Deixa ela entrar e se esquece de quem já foi. Deixa ela mostrar que ninguém no mundo é igual e que elas, as outras, é que te perderam. Deixa esse teu receio machucado de lado e encara a menina nos olhos, sem casca, sem porém, sem esse papo de não querer nada sério, não querer viver em stereo porque o mute traz mais calma. Confessa que faz bem cuidar e ser cuidado por alguém, mesmo que das outras vezes o cuidado tenha acabado com uns ferimentos profundos a ferro e brasa. E larga essas tabelas do Excel, esses teus cálculos precisos demais sobre afastamento e quilometragem, essas justificativas esfarrapadas que se resumem a medo. Deixa ela entrar e jogar os teus papéis pro alto. Ou se deixa levar por esse vazio que cutuca, aperta, irrita e nunca se justificativa, e que você nega – mesmo sentindo – que sente.” 

— Daniel Bovolento.
“Prefiro não guardar o que sinto pra não me arrepender. Eu não quero me arrepender das coisas. É claro que não concordo com tudo que fiz e vivi, é lógico que tenho coisas que prefiro deixar num canto qualquer, mas eu não quero me arrepender, não quero aquela ânsia de vômito, aquele enjoo chato que acontece quando a gente come o que não faz bem. Prefiro vomitar tudo, por mais nojento que seja.” 

— Clarissa Corrêa.

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

“Quando você chega à Emergência de um hospital, uma das primeiras coisas que eles pedem é que você dê uma nota para a sua dor numa escala de um a dez. A partir daí eles decidem que medicamentos prescrever e a velocidade com que têm de ser administrados. Passei por essa situação centenas de vezes no decorrer dos anos, e me lembro de uma vez, logo no início, em que eu não estava conseguindo respirar e parecia que meu peito pegava fogo, as chamas lambendo meu tórax por dentro, tentando encontrar um jeito de sair e queimar o lado de fora, e meus pais me levaram para a Emergência. Uma enfermeira me perguntou sobre a dor e eu não conseguia nem falar, então mostrei nove dedos.
Depois, quando eles já tinham me dado alguma coisa, a enfermeira voltou e ficou meio que acariciando minha mão enquanto media a minha pressão arterial, então disse: Sabe como eu sei que você é guerreira? Você chamou um dez de nove.
Mas não foi exatamente o que aconteceu. Eu chamei aquilo de nove porque estava poupando o meu dez. E aqui estava ele, o grande e terrível dez me açoitando sem parar, e eu ali sozinha, deitada na minha cama, olhando fixamente para o teto, as ondas me jogando de encontro às pedras e depois me puxando de volta para o mar a fim de poderem me lançar mais uma vez na face chanfrada do penhasco, me abandonando na água, boiando, o rosto virado para cima sem me afogar.” 
- A Culpa é das Estrelas
“Eu estou apaixonado por você, e sei que o amor é apenas um grito no vácuo, e que o esquecimento é inevitável, e que estamos todos condenados ao fim, e que haverá um dia em que tudo o que fizemos voltará ao pó, e sei que o sol vai engolir a única terra que podemos chamar de nossa, e eu estou apaixonado por você.”
— A Culpa é das Estrelas
Perguntaram pra mim: "Por que eu não tenho namorado? Algo em mim repele os homens? Sou uma mulher embargada? Há uma placa de 'proibido estacionar' em minhas costas? Me diga!". Olha, eu não sei por que não tem namorado. Honestamente.

Poxa, come batata frita, torta de limão, churrasco e trufa de leite condensado. Ok, a alcunha de magricela, cabo de vassoura ou Olívia Palito nunca lhe serviram, talvez. Urros sobre sua suposta suculência não têm advindo de prédios em construção, quiçá. Quem sabe não fica bem de "tomara-que-caia", tropica no salto agulha, não combina numa minissaia. Mas desbanca a miss Venezuela num vestido primaveril, pisando numa rasteirinha prateada, com o cabelo preso naquele lápis cor-de-rosa, soprando a franja pra cima no calor. Não vai me acreditar, mas tu é bonita.

Tu passa longe de uma Fernanda Young, uma Lya Luft, uma Sandra Werneck. Mas tu é inteligente à sua maneira. Assiste novela, mas não comenta a vida dos personagens. Gosta da Clarice, da Cecília, da Martha. Curte o Tom, a Adriana, o Nando, a Zizi, o Cazuza. Trabalha, suspira, trabalha, checa as unhas, trabalha, sonha, trabalha, belisca uma água-e-sal, trabalha e um colega te olha. E te acha bonita idem. E também se intriga com tua solteirice.

Tem princípios iguais os da mãe. Mas se acha careta, às vezes. Não cede, mesmo só. Adora sexo, embora não faça com a mesma frequência do desejo. Se faz não vibra na mesma frequência que o parceiro. Sente raiva por ser secretamente boba, romântica e demodê. Se derrete mais rápido que o sorvete napolitano na xícara de sopão quando a mocinha diz "você me fez acordar com um sorrisão no meu rosto". Chora na frente de ninguém, ai de ti se mais alguém souber. E você não vê a hora de um príncipe encantado por ti libertar esse riso largo atrofiado, mas sabidamente bonito.

Tem suas esquisitices. Dorme de edredon e ventilador. Coleciona esmaltes. Cerra as pernas quando sentada e fica coçando o joelho com uma das mãos enquanto a outra segura a cabeça pelo queixo. Ensaia dança do ventre pro espelho do banheiro. Faz duas vezes antes de pensar e tem uns "nhe-nhe-nhê" de mulherzinha. Mas qual não tem? É até bem charmoso. Nada tão relevante quanto sua forma meiga e carinhosa de perguntar "tu tá bem?". Nada mais importante que teu ímpeto de cuidar dos outros. Nada que mude minha convicção de que tu é bonita.

O que te falta? Falta tu mesma se convencer do que te falo com certeza. Tu merece alguém que abra os olhos diariamente e pense: "cara, eu tô com ela, eu sou o namorado dela!". Que goste da tua boca, do teu ombro, do teu cabelo bagunçado, do teu calcanhar, da tua cintura, das tuas mãos, do cheiro da tua pele, das sardas do teu rosto. E isso vai acontecer naturalmente ao você se dar conta de que tu é bonita, no âmago e na lata. Eu acho, teu ginecologista também, o colega de trabalho assina embaixo. Um dia serás o amor da vida de alguém, do jeitinho que tu é. Falta tu. Acorde hoje e repita: "eu sou bonita"."

Gabito Nunes
“É que as vezes, só as vezes, damos a sorte de encontrar alguém. E é esse tal alguém que lhe faz e refaz, te inventa e reinventa, não te muda só acrescenta. Um alguém capaz de lhe transformar e não mudar, que lhe mostre o real sentido das coisas e que lhe dê uma razão pra sorrir todos os dias, ou que seja a razão de você sorrir todos os dias. Alguém que seja sempre seu, e você sempre dela; Esse mesmo alguém que você procurou, e por um acaso encontrou, e sem querer querendo. Feliz pra sempre, ficou.”
“E eu estou chorando agora, mas principalmente de raiva por a gente ter que mendigar carinho pra se sentir uma boa pessoa. Se ninguém nos telefona, se ninguém vem à nossa casa, se ninguém aceita o nosso jeito, parece que a gente não existe, parece que as coisas deram errado, e não deram. Sou uma pessoa bacana, forte, generosa, não deveria precisar que ninguém me aplaudisse, mas a gente precisa dos outros, precisa que eles demonstrem que nos admiram, mesmo que estejam fingindo.” 

— Martha Medeiros.
“Não dói mais. Agora me dói não doer. A ferida aberta era uma forma de te sentir ainda comigo, mesmo sendo da pior forma possível. Eu sempre quis que essa dor cessasse, mas tinha medo da cura. Sabia que seria inevitável impedir que esse dia chegasse. Chegou. E, com isso, você se foi definitivamente. O que te manteve cravado em minha pele se esvaiu. Minha única memória fixa perdeu as formas, os gostos, os cheiros, as lembranças, o toque. Acabou, passou, não dói mais. A ferida se fechou e agora só me resta a cicatriz que, mesmo sendo uma forma de lembrar você, já não dói. É só uma prova de que um dia já senti. Mas, quem garante? A dor quando passa parece que nunca existiu; os amores esquecidos parecem que jamais foram vividos. A cicatriz é indolor. Não te sinto mais comigo.”
Você não sabia amar. Era delicada, linda, mas, no fundo, achava que o amor era somente beijos na porta de casa e mensagens lindas seguidas de reticências que pediam eternidade de resposta. Mas, não seríamos eternos se só nos disséssemos amar. A eternidade pedia mais que amores, pedia respeito e concessões, coisa que não nos faltava quando nos colocávamos no colo dos nossos sonhos.
“Pouca comida é miséria, comer pouco é educação. Feiura no rosto é apenas feio, feiura na tela é irreverência. Lixo é repugnante, lixo moldado é reciclagem. Mulher nua na rua é prostituta, mulher nua na rua segurando um cartaz é protesto. Velho com vitrola é atrasado, jovem com vinil é estilo. Pobre artista é pichador, rico com tinta é gênio. Baile funk é perda de tempo, balada eletrônica é diversão. Ir sem roupa ao shopping é atentado violento ao pudor, ir sem roupa à praia é naturalismo. Milionário usando chinelas é humilde, humilde com chinela é milionário. Cachorro com coleira é fofo, cachorro sem coleira é vira-lata. Sirene em bairro rico é ambulância, sirene em favela é polícia. Estrondo em dia de jogo são fogos de artifício, estrondo em dia de jogo dentro da comunidade são traficantes. Aluno que cola é esperto, aluno que estuda é otário. Mentira dita muitas vezes é verdade, verdade nunca dita é mentira. Solidão aos dezesseis é drama, solidão aos sessenta é necessidade. Cabelo enrolado é cabelo ruim, cabelo liso com babyliss é sexy. Palmada em filho é disciplina, palmada em aluno é caso de notícia. Modelo gorda é inaceitável, modelo magra é pleonasmo. Macaco é racismo, branquelo é apelido. Seios na televisão é apelação, seios na televisão em fevereiro é carnaval. Foto do pé é cafona, foto do pé com efeito de instagram é vintage. Criança magra é desnutrida, criança obesa é descuido. Menino com amigas é gay, meninas com amigos é oferecida. Homem com várias é inspiração, mulher com vários é mal falada. Adotar um bebê é amor, adotar um adolescente é caridade. Palavrão na rua é baixaria, palavrão na música é alternativo. Verde e amarelo é cafonice, torcer pra seleção é patriotismo. Beijar é bom, beijar dois na mesma festa é segredo, beijar outro é traição, beijar ninguém é ser encalhado. Andar de mãos dadas é fofo, andar da mãos dadas com alguém do mesmo sexo é pouca vergonha. Reclamar do governo é legal, fechar a TV no horário político é rotina. Mandar cartas é velharia, receber cartas é romantismo. Não ter filhos é lamentável, optar por não ter filhos é estilo de vida. Xingamento na cama é ousadia, xingamento na mesa é barraco. Criança loira, bem vestida e sozinha está perdida, criança negra, suja e sozinha é assaltante. A fome é um problema mundial, a fome do outro não é problema meu. Bonita e difícil é atraente, bonita e fácil é vagabunda, feia e difícil é burra, feia e fácil é descartável. Bater em mulher é machismo, mulher bater em homem é engraçado. Católico assassino é banalidade, protestante assassino é hipocrisia. Passear no campo é liberdade, morar no campo é falta de dinheiro. Óculos espelhado é horrível, óculos espelhado de marca é moda. Livro de cinquenta reais é caro, uísque de cinquenta reais é festa. Matar um cachorro é desumano, matar um boi é churrasco. Um assassinato é fatalidade, três mil é estatística. Ser ou não ser é Shakespeare, indecisão é defeito. Acreditar no amor é beleza, acreditar em alienígenas é ilusão. Grito na música é rock’n’roll, grito sem ritmo é falta de argumentos. Loucos só passaram a existir quando a normalidade foi inventada, diferenças só não foram aceitas quando alguém tentou ser diferente. Conceitos não mudam realidades, mas realidades mudam conceitos. Pessoas não são palavras, mas palavras formam pessoas. Se é certo que somos produtos do meio, é certo também que somos somente produtos. Indivíduos são matérias-primas em abundância, mas individualidade é artigo de luxo. Rótulo na embalagem é essencial, rótulo em tudo é apenas uma sociedade.”

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

"Se ele sentir sua falta, ele vai ligar. Se ele se importa com você, ele vai demonstrar. Não precisa cobrar. Se ele quer, ele faz. Se ele não faz, não ache que o problema é você. Apenas pare de gastar seu tempo com ele, porque ele com certeza não pretende gastar o tempo dele com você.”

— Tati Bernardi.

“Então liguei pro meu velho amigo de sempre. E ele veio correndo, consertar meu coração, acalmar meus medos. E disse que nada mudou, foram 56 mil anos mas nada mudou. Ele ainda está aqui pra mim.”
— Tati Bernardi.

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Querendo ou não, chega uma hora em que as pessoas têm que mudar, que as pessoas têm que crescer. E isso não é uma escolha, é um aprendizado. Você muda a cada coisa nova que você aprende, a cada erro que você comete, a cada vez que te decepcionam. É por isso que você vai passar por constantes mudanças durante toda a sua vida. Porque erros você comete todos os dias, você aprende coisas novas todos os dias, te decepcionam a toda hora. Então aceite e compreenda as mudanças que acontecem com você e com quem vive ao seu redor. Ninguém muda porque quer, e se alguém mudou é porque foi preciso!
Sensível pra cacete, maldosa na mesma intensidade, feliz de andar cantando e depressiva de nunca achar que uma janela é só uma janela. E cheia de manias bem estranhas… Eu sou sim a pessoa que some, que surta, que vai embora, que aparece do nada, que fica porque quer, que odeia a falta de oxigênio das obrigações, que encurta uma conversa besta, que estende um bom drama, que diz o que ninguém espera e salva uma noite, que estraga uma semana só pelo prazer de ser má e tirar as correntes da cobrança do meu peito. Que acha todo mundo meio feio, meio bobo, meio burro, meio perdido, meio sem alma, meio de plástico, meia bomba. E espera impaciente ser salva por uma metade meio interessante que me tire finalmente essa sensação de perna manca quando ando sozinha por aí, maldizendo a tudo e a todos. Eu só queria ser legal, ser boa, ser leve. Mas dá realmente pra ser assim? 
Tati Bernardi
Tomara que a gente tenha maturidade suficiente para olhar pra dentro e reconhecer nossas falhas. Tomara que a gente consiga descartar o que não serve sem apego ou drama. Tomara que a gente possa olhar para a frente sem aquela mágoa azeda do que ficou para trás. Tomara.
Solidão não é a falta de gente para conversar, namorar, passear ou fazer sexo… Isto é carência! Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar… Isto é saudade! Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe, às vezes, para realinhar os pensamentos… Isto é equilíbrio! Solidão não é o claustro involuntário que o destino nos impõe compulsoriamente para que revejamos a nossa vida… Isto é um princípio da natureza! Solidão não é um vazio de gente ao nosso lado… Isto é circunstância! Solidão é muito mais do que isto! Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa alma.
Não sei o porquê que ainda assisto aquele desenho 'caverna do dragão', acredito que eu já tenha assistido cada episódio no mínimo umas cinco vezes, acredito que quase ninguém mais o assiste, mas eu não consigo deixar de sentar no sofá toda vez que o vejo passar.
Hoje depois que acabou mais um episódio em que eles ainda não voltaram para casa desliguei a tv e me peguei pensando o porquê gosto tanto dessa história. Primeiramente pensei que era por que o mesmo recordava a minha infância, e por que eu nunca assisti o episódio em que eles realmente conseguem voltar para casa.
Tirei mais uma conclusão ao longo do dia, eu gosto desse desenho por quê mesmo que algo dê errado todos os dias, ainda assim eles não desistem do seu objetivo maior, ainda assim eles não se deixam abater. Acho que gosto mais desse desenho por quê ele me lembra a nossa história, me lembra eu e você... A gente luta todos os dias para estarmos juntos, e ainda que eventualidades aconteçam o nosso desejo não perde aquela força bonita que ele tem. Ainda que duzentos empecilhos tentem nos deter a nossa vontade de ficar junto nunca tem fim.
E como minha última conclusão tirada hoje, eu desejo que sejamos como os garotinhos do desenho, desejo que sempre algo nos aconteça para que possamos lembrar o porquê estamos aqui.

- Nadine Queiroz
Preciso de amigos, balada, bebida, uma dose de vodka, ou duas quem sabe. E entre um gole e outro quero esquecer tudo o que não me acrescenta, quero não precisar mais lembrar de você.
Quero libertar meu coração dessa vontade absurda de ouvir a tua voz, de olhar em teus olhos e de tocar a tua pele, quero me libertar de você.
Porque me sinto aprisionada a um alguém que não possui sentimentos recíprocos, me sinto aprisionada a um alguém que não deseja doses de vodka para esquecer a dor, me sinto aprisionada a quem não se esforça para retribuir os meus desejos, me sinto aprisionada a você e a todos esses seus malditos detalhes, por isso, preciso de meios que me ajudem a te esquecer, preciso de meios que me façam livre e independente de ti.
Preciso de algumas doses de vodka a mais, talvez três garrafas não sejam suficientes, mas uma hora algo vai me libertar, uma hora não estarei mais presa a você.

- Grazzy Gonçalves & Nadine Queiroz
E se alguém perguntar de mim para você, simplesmente responda: ela traduziu minha vida, me tirou da escuridão em que vivia, me trouxe de volta e me proporcionou toda uma maravilhosa vida, mesmo que por pouco tempo, mas ela me fez renascer novamente.
E se depois disso alguém lhe disser: E porque vocês não estão juntos? Responda isso: - Não fui capaz de traduzir todo o sentimentalismo dela voltado para mim, não fui capaz de dar a reciprocidade necessária e hoje sei que alguém muito especial vai entrar na vida dela, e ocupará aquele espaço que por muito tempo foi meu e eu não soube cuidar, proteger. 

- Grazzy Gonçalves

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Você sempre me disse que sua maior mágoa era eu nunca ter escrito um texto sobre você. Nem que fosse te xingando, te expondo. Qualquer coisa. Você sempre foi o único homem que me amou. E eu nunca te escrevi nem uma frase num papelzinho amassado. Você sempre foi o único amigo que entendeu essa minha vontade de abraçar o mundo quando chega a madrugada. E o único que sempre entendeu também, depois, eu dormir meio chorando porque é impossível abraçar sequer alguém, o que dirá o mundo. Outro dia eu encontrei um diário meu, de 99, e lá estava escrito “hoje eu larguei meu namorado sentado e dancei com ele no baile de formatura”. Ele, no caso, é você. Dei risada e lembrei que em todos esses anos, mesmo eu nunca tendo escrito nenhum texto para você, eu por diversas vezes larguei vários namorados meus, sentados, e dancei com você. Porque você é meu melhor companheiro de dança, mesmo sendo tímido e desajeitado. Aí lembrei que alguns anos depois, quando eu já não era mais a bobinha da classe e sim uma estagiária metida a esperta que só namorava figurões (uns babacas na verdade), você viu algum charme nisso e me roubou um beijo. Fingindo que ia desmaiar. Foi ridículo. Mas foi menos ridículo do que aquela vez, ainda na faculdade, que eu invadi seu carro e te agarrei a força. Você saiu cantando pneu e ficou quase dois anos sem falar comigo. Também não sei porque eu não escrevi um texto quando você apareceu naquela festa brega, me viu dançando no canto da mesa, e me disse a frase mais linda que eu já ouvi na minha vida “eu sei que você não gosta de mim, mas deixa eu te olhar mesmo assim”. Talvez eu devesse ter escrito um texto para você, quando eu te pedi a única coisa que não se pede a alguém que ama a gente “me faz companhia enquanto meu namorado está viajando?”. E você fez. E você me olhava de canto de olho, se perguntando porque raios fazia isso com você mesmo. Talvez porque mesmo sabendo que eu não amava você, você continuava querendo apenas me olhar. E eu me nutria disso. Me aproveitava. Sugava seu amor para sobreviver um pouco em meio a falta de amor que eu recebia de todas as outras pessoas que diziam estar comigo. Depois você começou a namorar uma menina e deixou, finalmente, de gostar de mim. E eu podia ter escrito um texto para você. Claro que eu senti ciúmes e senti uma falta absurda de você. Mas ainda assim, eu deixei passar em branco. Nenhuma linha sequer sobre isso. Depois eu também podia ter escrito sobre aquele dia que você me xingou até desopilar todos os cantos do seu fígado. Eu fiquei numa tristeza sem fim. Depois pensei que a gente só odeia quem a gente ama. E fiquei feliz. Pode me xingar quanto você quiser desde que isso signifique que você ainda gosta um pouquinho de mim. Minhas piadas, meu jeito de falar, até meu jeito de dançar ou de andar. Tudo é você. Minha personalidade é você. Quando eu berro Strokes no carro ou quando eu faço uma amiga feliz com alguma ironia barata. Tudo é você. Quando eu coloco um brinco pequeno ao invés de um grande. Ou quando eu fico em casa feliz com as minhas coisinhas. Tudo é você. Eu sou mais você do que fui qualquer homem que passou pela minha vida. E eu sempre amei infinitamente mais a sua companhia do que qualquer companhia do mundo, mesmo eu nunca tendo demonstrado isso. E, ainda assim, nunca, nunquinha, eu escrevi sequer uma palavra sobre você. Até hoje. Até essa manhã. Em que você, pela primeira vez, foi embora sem sentir nenhuma pena nisso. Foi a primeira vez, em todos esse anos, que você simplesmente foi embora. Como se eu fosse só mais uma coisa da sua vida cheia de coisas que não são ela. E que você usa para não sentir dor ou saudade. Foi a primeira vez que você deixou eu te olhar, mesmo você não gostando de mim. E foi por isso, porque você deixou de ser o menino que me amava e passou a ser só mais um que me usa, que você, assim como todos os outros, mereceu um texto meu.

- Tati Bernardi
Verdadeiramente gostaria de te extrair de mim, gostaria de executar toda a importância que você tem, gostaria de poder não me recordadar daquele teu riso fácil, daqueles teus olhos bonitos e desse teu jeito gostoso de ser. Realmente, eu ficaria satisfeita só em não abrir aquela nossa conversa, em não escutar mais uma vez os teus áudios, em não desejar você. Seria tão mais simples se eu pudesse estalar os dedos e te esquecer.
Seria tão mais fácil se eu fosse feita de pedra, ou se fosse fria como algumas pessoas conseguem ser, seria tão mais simples se eu tivesse forças suficientes para matar o que sinto. É, seria tão mais fácil se aqui dentro não batesse um coração, seria tão mais fácil se ele não batesse por ti. Mas a vida não é fácil meu bem, e eu preciso aprender a ser forte e preciso aprender a controlar esse desejo tão insano de te querer.

- Nadine Queiroz
Eu nunca vou entender porque a gente continua voltando pra casa querendo ser de alguém, ainda que a gente esteja um ao lado do outro. Eu nunca vou entender porque você é exatamente o que eu quero, eu sou exatamente o que você quer, mas as nossas exatidões não funcionam numa conta de mais... Mas aí, daqui uns dias... Você vai me ligar. Querendo tomar aquele café de sempre, querendo me esconder como sempre, querendo me amar só enquanto você pode vulgarizar esse amor. Me querendo no escuro. E eu vou topar. Não porque seja uma idiota, não me dê valor ou não tenha nada melhor pra fazer. Apenas porque você me lembra o mistério da vida. Simplesmente porque é assim que a gente faz com a nossa própria existência: não entendemos nada, mas continuamos insistindo.

- Tati Bernardi
É cansativo viver sem vírgulas porque eu respiro a sua existência 24 horas por dia, e só coloco vírgulas teatrais para você não enjoar de mim. Te amar não é fácil, é quase o anti-amor. É muito quase como se você nem existisse, porque só o homem perfeito mereceria tanto sentimento. E eu te anulo o tempo todo dizendo para mim, repetindo para mim, o quanto você falha, o quanto você fraqueja, o quanto você se engana. E fazendo isso, eu só consigo te amar mais ainda. Porque você enterrou meu sonho aprisionado pela perfeição e me libertou para vivê-lo. E a gente vai por aí, se completando assim meio torto mesmo. E Deus escrevendo certo pelas nossas linhas que se não fossem tão tortas, não teriam se cruzado.

- Tati Bernardi
Lá estou eu em mais uma mesa com risos pela metade. Olho pro lado e sinto uma saudade imensa, doída, desesperançada e até cínica. Saudade de alguma coisa ou de alguém, não sei. Talvez de mim, de algum amor verdadeiro que durou um segundo... Meus amigos me adoram. Mas será que eles sabem que se eu estou morrendo de rir agora, mas daqui a pouco vou morrer de chorar? E isso 24 horas. E eu, mais uma vez, olho para o lado morrendo de saudade dessa coisa que eu não sei o que é. Dessa coisa que talvez seja amor. Odeio todos os amores baratos, curtos e não amores que eu inventei só para pular uma semana sem dor. A cada semana sem dor que eu pulo, pareço acumular uma vida de dor. Preciso parar, preciso esperar. Mas a solidão dói e eu sigo inventando personagens. Odeio minha fraqueza em me enganar. Eu invento amor, sim e dói admitir isso. Mas é que não aguento mais não dar um rosto para a minha saudade. É tudo pela metade, ao menos a minha fantasia é por inteiro.. enquanto dura. No final bruto, seco e silencioso é sempre isso mesmo, eu aqui meio querendo chorar, meio querendo mentir sobre a vida até acreditar. E aí eu deito e penso em coisas bonitinhas. E quando vou ver, já dormi.

Tati Bernardi
“O que eu peço é que você seja sempre de verdade também. Que me queira assim, imperfeita e cheia de confusões. Que saiba os momentos em que eu preciso de uma mão passando entre os fios de cabelo. Que perceba que às vezes tudo o que eu preciso é do silêncio e do barulho da nossa respiração. Que veja que eu me esforço de um jeito nem sempre certo. Que veja lá na frente uma estrada, inteiramente nossa, cheia de opções e curvas. E que aceite que buracos sempre terão.” 

— Clarissa Corrêa.
“Você faz faxina em seu escritório, em sua bolsa, em sua casa, mas não faz uma faxina em tudo o que perturba a sua alma. Você não desliga a sua mente, não gerencia seus pensamentos e vive fazendo velório antes de morto. O que significa isso? Significa sofrer por antecipação, viver problemas que ainda não ocorreram e que talvez nem ocorram.” 

— Augusto Cury
“Desejo a você: Cheiro de jardim. Namoro no portão. Domingo sem chuva. Segunda sem mau humor. Sábado com seu amor. Filme do Carlitos. Chope com amigos. Crônica de Rubem Braga. Viver sem inimigos. Filme antigo na TV. Ter uma pessoa especial - e que ela goste de você. Música de Tom com letra de Chico. Frango caipira em pensão do interior. Ouvir uma palavra amável. Ter uma surpresa agradável. Ver a Banda passar. Noite de lua cheia. Rever uma velha amizade. Ter fé em Deus. Não ter que ouvir a palavra não. Nem nunca, nem jamais e adeus. Rir como criança. Ouvir canto de passarinho. Sarar de resfriado. Escrever um poema de amor, que nunca será rasgado. Formar um par ideal. Tomar banho de cachoeira. Pegar um bronzeado legal. Aprender um nova canção. Esperar alguém na estação. […]Uma festa. Um violão. Uma seresta. Recordar um amor antigo. Ter um ombro sempre amigo. Bater palmas de alegria. Uma tarde amena. Calçar um velho chinelo. Sentar numa velha poltrona. Tocar violão para alguém. Ouvir a chuva no telhado. Vinho branco. Bolero de Ravel. E muito carinho meu.” 

— Carlos Drummond de Andrade.
“O engraçado de sentir saudade de alguém que você ama são as lembranças. Nessas horas só vem as coisas boas. Momentos bons que vão durar para sempre dentro de você. As qualidades, que as vezes a pessoa nem tem mas nós simplesmente inventamos só porque estamos com saudades… Quase sempre eu me pergunto onde foi parar as lembranças das nossas brigas por nada, das suas crises de ciúmes, das suas criancices, das merdas que você já fez - e que não foram poucas, porque aqui amor, aqui não está.”
“Sobre isso de “quem-machuca-quem”. Não há muita saída, há? É como duas pessoas que se jogam em queda livre, dividindo o mesmo paraquedas, uma só cordinha. Se alguém achar que está indo rápido demais ou que já estamos meio perto do chão, adianta consultar o outro? Não, você abre a lona e respira. Azar se o parceiro estava curtindo o vento na cara e a paisagem azulada do céu.” 

— Gabito Nunes.
Eu quero você porque eu preciso finalizar o que comecei, por causa dessa necessidade, maior que eu, de fechar ciclos. E agora tenho necessidade de você, porque meu lado sujo e mesquinho não admite que as coisas acabem assim, tão jogo perdido pra mim. Mas escuta a loucura: em algum canto dentro do peito, eu ficaria feliz se você resistisse a toda pele que a gente tem, porque eu me sentiria aliviada e acreditada – novamente - no amor fiel. Na vida monogâmica e feliz. Coisas que me fizeram desacreditar faz tempo e já nem me doía esse conformismo. Me prova que você é feliz a dois, que a mesma mulher te completa por todos esses anos. Você é, veja bem, mais do que uma conquista, mais que um jogo. É uma última pontinha de esperança nessa vida imensa e cheia de gente pequena. Quero você no limite, me salvando de toda essa descrença ou, finalmente, se rendendo a mim. Porque você é encrenca de ouro pra minha coleção. Porque todos os meses de provação me deixaram tão envolvida nisso tudo, que eu preciso sentir teu gosto, antes de te perder de vista. E, principalmente, deixar meu gosto em você. Eu quero muito, quero tanto, mas já que a minha disputa é com o amor, eu também aceito perder.

Marcella Fernanda

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Eu gosto de quando a felicidade não se anuncia. Ela vai invadindo, chegando sem pedir, tomando conta, deixando o ar leve e contaminando. Desse jeito, não há tempo para sentir medo ou frear. Quando vê, já se é feliz! Sente-se que é feliz. Não se corre o risco de estragá-la antes do momento ou fechar as portas para ela. Ninguém a vê. Ela é invisível demais para os nossos olhos descrentes. Por isso, gosto do jeitinho atrevido dela de chegar sem ser percebida. Gosto de um dia descobrir que aquele sorriso sem motivo, é só a felicidade.

terça-feira, 29 de julho de 2014

" Oi, minha princesa mais linda do mundo. Estava te observando…você anda tão triste, tão caída, tão machucada. Você tem distribuído sorrisos só para esconder as lágrimas, você pode enganar as pessoas que estão o seu redor, mas eu conheço seu coraçãozinho. Eu tenho visto cada noite em que você se deita e chora, se sente sozinha,acha que ninguém te ama, você tem vontade de ter um lar mais unido. Eu tenho visto os seus amores não correspondidos, o quanto tem te machucado isso minha pequena… não se preocupe, o seu príncipe está guardado. Lembra de quando você entregou sua vida em minha mãos? Então… eu já tomei conta dos seus problemas sem soluções, eu já preparei o seu escolhido,..é aquele mesmo que você tem deitado na cama e sonhado com ele, aquele que vai te ajudar, te levantar quando você cair, aquele que vai acordar do seu lado, olhando nos seus olhos e dizer que te ama. Eu vejo você tentando melhorar a cada dia.Antes mesmo de você nascer eu te escolhi, escrevi uma história linda para você, com um final feliz, aquele perfeito. O seu lugar aqui nos céus do meu lado está guardado meu anjinho. Quando você se sentir sozinha olhe para os céus, para as estrelas, para a lua, para o dia lindo que surgiu e lembre-se que eu estou do seu lado mesmo você não me vendo, e que eu te amo incondicionalmente. Lembra das suas promessas? Elas vão se cumprir, você vai ser um exemplo de vida. Só me promete que sempre vai deixar eu ser dono do seu coração, ser a primeira opção na sua vida sempre, que tudo que eu planejei para sua vida vai se cumprir perfeitamente. "
" Acordei no mesmo horário de sempre, lembra? Peguei meu celular e comecei a digitar um mensagem, então lembrei que não precisaria mais. Dei alguns passos até o banheiro, me olhei no espelho e vi como meus olhos estavam inchados. Lembra que eu sorria quando acordava? Lavei o rosto e fui para cozinha, abri a geladeira, mas nenhum alimento me agradava. Sempre gostei de comer, lembra? Peguei a garrafa de água e a bebi toda, voltei ao meu quarto pus meu jeans azul, minha regata amarela e minha sapatilha coral. Lembra que me vesti assim quando fomos no cinema pela primeira vez? Peguei minha mochila e desci o morro até o ponto de ônibus ouvindo nossas músicas, aquelas que você nem sabia que pensava em você enquanto ouvia, então não posso perguntar se lembra. Entrei no ônibus e estava a caminho da escola. Encostei a cabeça na janela, fechei os olhos, como se isso barrasse minhas lágrimas, engoli o choro muitas vezes, mas minha cara de zumbi continuava a mesma. Ao descer do ônibus, olhei para o banco, aquele que você me esperava toda manhã, lembra-se disso? Agora sei como minha mochila pesa até a escola, talvez o peso seja dentro de mim também, porque estou quase caída no chão. Passei por você essa manhã e você nem olhou na minha cara, depois diz que quer me ver feliz. Fugi da escola, peguei o primeiro ônibus e parti para onde ele me levasse. Queria fugir da realidade de viver sem você. Voltei para o colégio, achei ter criado coragem para falar com você mas, quando cheguei na sua frente desabei, lembra como costumava ser forte? Disse-me que eu era vítima e me perguntei o que queria que eu fosse. Lembra como você me elogiava? Não ouço mais nada de positivo em mim. Assim que fora todos meus dias úteis, ou seriam inúteis? Chegou o fim de semana, então lembrei de como acordava cedo para limpar a casa, sabia que viria depois do meio-dia me ver e passar a tarde toda comigo, então dormi até às onze. Lembra como você sorria para mim quando chegava aqui em casa? Limpei a casa durante a tarde, olhando vez ou outra a porta, como se eu sentisse que você voltaria. Domingo está por vir. Lembra que nos domingos ia na sua casa? Lembra que ficávamos jogando? Lembra que dormíamos? Lembra que eu acordava várias vezes durante o sono, só para ver se você estava dormindo bem? Lembra como éramos amigos? Lembra de nós? Lembra de quem eu costumava ser por você? "
" Sabe a Maria do Big Brother? A Maria, aquela que teve um rápido affair com o nada-bonito-Maurício. Maria, aquela que depois que o nada-bonito saiu da casa arrastou asa para o Wesley. Maria, que depois que o Maurício voltou pra casa se arrependeu. Maria, aquela que bebe e mostra a bunda na televisão. Maria, aquela que diz Maurício-gosto-de-você baixinho no ouvido. Maria, aquela que perde o foco, a noção, o norte, o jeito, o gesto. Maria, aquela que esquece a dignidade no fundo do copo. Maria, aquela que ataca o cara, chora pelo cara, quer de todo o jeito beijar o cara, é louca pelo cara, tarada, maníaca, doente. Pois bem, essa é Maria. Maria, que já foi uma das Felinas. Maria que, diz a lenda, já fez uns bicos na profissão mais antiga do mundo. Não me importo com o passado da Maria. E eu digo: gosto da Maria, pois o que importa é o que a Maria representa, o que a Maria é, o que a Maria nos faz ver. Eu me enxergo na Maria. Eu enxergo muitas mulheres na Maria. E eu repito Maria-Maria-Maria. A Maria representa nossas lágrimas, nosso rímel borrado, nossos porres, nossas ligações na madrugada, nossos fiascos, nossas insanidades. A Maria representa aquela mulher que já perdeu a cabeça e o juízo por causa de um homem. A Maria é aquele comportamento que você teve sábado passado quando, bêbada e ofendida, mandou 34 mensagens para o celular do ex-namorado. A Maria sou eu há 5 anos, que corria atrás de um cara que me fazia de gato e sapato. Maria é aquela moça que insiste em manter uma relação com um cara que tem namorada. Maria é aquela que gosta, tem uma inocência no peito, uma ilusão na boca, uma incoerência no olhar. Maria é aquela que acredita em palavras, se apega e quer ir até o fim. Maria é aquela que acha que o passado dita a moda do presente. Maria é aquela que não pensa antes de falar - e age como dá na telha. Maria é impulsividade, calor, vontade. Maria é a falta de vergonha em se expor. A Maria, minha amiga, é a inimiga íntima de toda mulher. "
" Um dia você conhecerá um cara que te chamará de linda. Que ri dos seus risos. É solidário com seus receios. E que gosta de você, mesmo você sendo uma grande chata de vez em quando. Que queira escutar as batidas que o seu coração dá. E queira andar com você de mãos dadas por aí… Pra qualquer lugar. "
" Ele não sabe mais nada sobre mim. Não sabe que o aperto no meu peito diminuiu, que meu cabelo cresceu, que os meus olhos estão menos melancólicos, mas que tenho estado quieta, calada, concentrada numa vida prática e sem aquela necessidade toda de ser amada. Ele não sabe quantos livros pude ler em algumas semanas. Não sabe quais são meus novos assuntos nem os filmes favoritos. Ele não sabe que a cada dia eu penso menos nele, mas que conservo alguma curiosidade em saber se o seu coração está mais tranqüilo, se seu cabelo mudou, se o seu olhar continua inquieto. Ele nem imagina quanta coisa pude planejar durante esses dias todos e como me isolei pra tentar organizar todos os meus projetos. Ele não sabe quantos amigos desapareceram desde que me desvencilhei da minha vida social intensa. Que tenho sentido mais sono e ainda assim, dormido pouco. Que tenho escrito mais no meu caderno de sonhos. Que aqui faz tanto frio, ele não sabe por mim. Ele não sabe que eu nunca mais me atentei pra saudade. Que simplesmente deixei de pensar em tudo que me parecia instável. Que aprendi a não sobrecarregar meu coração, este órgão tão nobre. Ele não sabe que eu entendi que se eu resolver a minha dor, ainda assim, poderei criar através da dor alheia sem precisar sofrer junto pra conceber um poema de cura. Hoje foi um dia em que percebi quanta coisa em mim mudou e ele não sabe sobre nada disso. Ele não sabe que tenho estado tão só sem a devastadora sensação de me sentir sozinha. Ele não sabe que desde que não compartilhamos mais nada sobre nós, eu tive que me tornar minha melhor companhia: ele nem imagina que foi ele quem me ensinou esta alegria. "

sexta-feira, 25 de julho de 2014

"Só que aí eu acabei mudando. E foi mudança aos poucos, porque até hoje me dou conta de coisas minhas que já não estão mais lá e, quem roubou, eu jamais vou saber. O sorriso mudou e a vontade de sorrir pra qualquer pessoa também, graças a Deus. Foi por sorrir tanto de graça que eu paguei tão caro por todas as coisas que me aconteceram. Às vezes me pego olhando ao meu redor e vendo tanta menina parecida comigo. Tanto sentimento gritando de bocas caladas e escorrendo de peles secas. Tanta coisa acontece com a gente. Tanta gente passa pela gente, mas tão pouca gente realmente fica. E eu sei que, talvez, eu tivesse que ficar triste. Talvez eu tivesse que continuar secando lágrimas, abraçando o vento e rindo no vácuo, mas o fato é que eu não consigo. Eu não consigo mais ser triste só para mostrar que um dia eu fui - ou achei que tivesse sido - feliz. Aprendi com os meus próprios erros que sofrer não torna mais poético, chorar não deixa mais aliviado e implorar não traz ninguém de volta. Aprendi também que por mais que você queira muito alguém, ninguém vale tanto a pena a ponto de você deixar de se querer. Eu que gritei para tantas pessoas ficarem, hoje só quero mesmo é que elas sumam de uma vez por todas. E em silêncio, que é pra ninguém ter porque se lamentar."
Tati Bernardi
"Já me perguntaram algumas vezes: o que eu faço? E eu digo: não faz nada. Não precisa se montar, decorar um texto, falar pausadamente na frente do espelho, ensaiar a cena, viajar em busca da palavra perfeita. A gente tem que ser a gente. Eu tenho que ser eu. Você tem que ser você. Por mais estranho, maluco, curioso e engraçado que isso seja."
Clarissa Corrêa 
” É que sou o tipo de gente que todo mundo pensa que conhece. Mas se enganam feio. Pouquíssima gente me desvenda. Mostro só o que quero. Não por maldade, mas por proteção. A gente tem que aprender a se proteger. Das escolhas dos outros. E até mesmo das nossas próprias escolhas.”
Lá está ela, mais uma vez. Não sei, não vou saber, não dá pra entender como ela não se cansa disso. Sabe que tudo acontece como um jogo, se é de azar ou de sorte, não dá pra prever. Ou melhor, até se pode prever, mas ela dispensa. Acredito que essa moça, no fundo gosta dessas coisas. De se apaixonar, de se jogar num rio onde ela não sabe se consegue nadar. Ela não desiste e leva bóias. E se ela se afogar, se recupera. Estranho e que ela já apanhou demais da vida. Essa moça tem relacionamentos estranhos, acho que ela está condicionada a ser uma pessoa substituta. E quem não é? A gente sempre acha que é especial na vida de alguém, mas o que te garante que você não está somente servindo pra tapar buracos, servindo de curativo pras feridas antigas? A moça…ela muito amou, ama, amará, e muito se machuca também. Porque amar também é isso, não? Dar o seu melhor pra curar outra pessoa de todos os golpes, até que ela fique bem e te deixe pra trás, fraco e sangrando. Daí você espera por alguém que venha te curar. Às vezes esse alguém aparece, outras vezes, não. E pra ela? Por quem ela espera? E assim, aos poucos, ela se esquece dos socos, pontapés, golpes baixos que a vida lhe deu, lhe dará. A moça – que não era Capitu, mas também têm olhos de ressaca – levanta e segue em frente. Não por ser forte, e sim pelo contrário… Por saber que é fraca o bastante para não conseguir ter ódio no seu coração, na sua alma, na sua essência. E ama, sabendo que vai chorar muitas vezes ainda. Afinal, foi chorando que ela, você e todos os outros, vieram ao mundo.