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quinta-feira, 4 de setembro de 2014

“Quando você chega à Emergência de um hospital, uma das primeiras coisas que eles pedem é que você dê uma nota para a sua dor numa escala de um a dez. A partir daí eles decidem que medicamentos prescrever e a velocidade com que têm de ser administrados. Passei por essa situação centenas de vezes no decorrer dos anos, e me lembro de uma vez, logo no início, em que eu não estava conseguindo respirar e parecia que meu peito pegava fogo, as chamas lambendo meu tórax por dentro, tentando encontrar um jeito de sair e queimar o lado de fora, e meus pais me levaram para a Emergência. Uma enfermeira me perguntou sobre a dor e eu não conseguia nem falar, então mostrei nove dedos.
Depois, quando eles já tinham me dado alguma coisa, a enfermeira voltou e ficou meio que acariciando minha mão enquanto media a minha pressão arterial, então disse: Sabe como eu sei que você é guerreira? Você chamou um dez de nove.
Mas não foi exatamente o que aconteceu. Eu chamei aquilo de nove porque estava poupando o meu dez. E aqui estava ele, o grande e terrível dez me açoitando sem parar, e eu ali sozinha, deitada na minha cama, olhando fixamente para o teto, as ondas me jogando de encontro às pedras e depois me puxando de volta para o mar a fim de poderem me lançar mais uma vez na face chanfrada do penhasco, me abandonando na água, boiando, o rosto virado para cima sem me afogar.” 
- A Culpa é das Estrelas
“Eu estou apaixonado por você, e sei que o amor é apenas um grito no vácuo, e que o esquecimento é inevitável, e que estamos todos condenados ao fim, e que haverá um dia em que tudo o que fizemos voltará ao pó, e sei que o sol vai engolir a única terra que podemos chamar de nossa, e eu estou apaixonado por você.”
— A Culpa é das Estrelas
Perguntaram pra mim: "Por que eu não tenho namorado? Algo em mim repele os homens? Sou uma mulher embargada? Há uma placa de 'proibido estacionar' em minhas costas? Me diga!". Olha, eu não sei por que não tem namorado. Honestamente.

Poxa, come batata frita, torta de limão, churrasco e trufa de leite condensado. Ok, a alcunha de magricela, cabo de vassoura ou Olívia Palito nunca lhe serviram, talvez. Urros sobre sua suposta suculência não têm advindo de prédios em construção, quiçá. Quem sabe não fica bem de "tomara-que-caia", tropica no salto agulha, não combina numa minissaia. Mas desbanca a miss Venezuela num vestido primaveril, pisando numa rasteirinha prateada, com o cabelo preso naquele lápis cor-de-rosa, soprando a franja pra cima no calor. Não vai me acreditar, mas tu é bonita.

Tu passa longe de uma Fernanda Young, uma Lya Luft, uma Sandra Werneck. Mas tu é inteligente à sua maneira. Assiste novela, mas não comenta a vida dos personagens. Gosta da Clarice, da Cecília, da Martha. Curte o Tom, a Adriana, o Nando, a Zizi, o Cazuza. Trabalha, suspira, trabalha, checa as unhas, trabalha, sonha, trabalha, belisca uma água-e-sal, trabalha e um colega te olha. E te acha bonita idem. E também se intriga com tua solteirice.

Tem princípios iguais os da mãe. Mas se acha careta, às vezes. Não cede, mesmo só. Adora sexo, embora não faça com a mesma frequência do desejo. Se faz não vibra na mesma frequência que o parceiro. Sente raiva por ser secretamente boba, romântica e demodê. Se derrete mais rápido que o sorvete napolitano na xícara de sopão quando a mocinha diz "você me fez acordar com um sorrisão no meu rosto". Chora na frente de ninguém, ai de ti se mais alguém souber. E você não vê a hora de um príncipe encantado por ti libertar esse riso largo atrofiado, mas sabidamente bonito.

Tem suas esquisitices. Dorme de edredon e ventilador. Coleciona esmaltes. Cerra as pernas quando sentada e fica coçando o joelho com uma das mãos enquanto a outra segura a cabeça pelo queixo. Ensaia dança do ventre pro espelho do banheiro. Faz duas vezes antes de pensar e tem uns "nhe-nhe-nhê" de mulherzinha. Mas qual não tem? É até bem charmoso. Nada tão relevante quanto sua forma meiga e carinhosa de perguntar "tu tá bem?". Nada mais importante que teu ímpeto de cuidar dos outros. Nada que mude minha convicção de que tu é bonita.

O que te falta? Falta tu mesma se convencer do que te falo com certeza. Tu merece alguém que abra os olhos diariamente e pense: "cara, eu tô com ela, eu sou o namorado dela!". Que goste da tua boca, do teu ombro, do teu cabelo bagunçado, do teu calcanhar, da tua cintura, das tuas mãos, do cheiro da tua pele, das sardas do teu rosto. E isso vai acontecer naturalmente ao você se dar conta de que tu é bonita, no âmago e na lata. Eu acho, teu ginecologista também, o colega de trabalho assina embaixo. Um dia serás o amor da vida de alguém, do jeitinho que tu é. Falta tu. Acorde hoje e repita: "eu sou bonita"."

Gabito Nunes
“É que as vezes, só as vezes, damos a sorte de encontrar alguém. E é esse tal alguém que lhe faz e refaz, te inventa e reinventa, não te muda só acrescenta. Um alguém capaz de lhe transformar e não mudar, que lhe mostre o real sentido das coisas e que lhe dê uma razão pra sorrir todos os dias, ou que seja a razão de você sorrir todos os dias. Alguém que seja sempre seu, e você sempre dela; Esse mesmo alguém que você procurou, e por um acaso encontrou, e sem querer querendo. Feliz pra sempre, ficou.”
“E eu estou chorando agora, mas principalmente de raiva por a gente ter que mendigar carinho pra se sentir uma boa pessoa. Se ninguém nos telefona, se ninguém vem à nossa casa, se ninguém aceita o nosso jeito, parece que a gente não existe, parece que as coisas deram errado, e não deram. Sou uma pessoa bacana, forte, generosa, não deveria precisar que ninguém me aplaudisse, mas a gente precisa dos outros, precisa que eles demonstrem que nos admiram, mesmo que estejam fingindo.” 

— Martha Medeiros.
“Não dói mais. Agora me dói não doer. A ferida aberta era uma forma de te sentir ainda comigo, mesmo sendo da pior forma possível. Eu sempre quis que essa dor cessasse, mas tinha medo da cura. Sabia que seria inevitável impedir que esse dia chegasse. Chegou. E, com isso, você se foi definitivamente. O que te manteve cravado em minha pele se esvaiu. Minha única memória fixa perdeu as formas, os gostos, os cheiros, as lembranças, o toque. Acabou, passou, não dói mais. A ferida se fechou e agora só me resta a cicatriz que, mesmo sendo uma forma de lembrar você, já não dói. É só uma prova de que um dia já senti. Mas, quem garante? A dor quando passa parece que nunca existiu; os amores esquecidos parecem que jamais foram vividos. A cicatriz é indolor. Não te sinto mais comigo.”
Você não sabia amar. Era delicada, linda, mas, no fundo, achava que o amor era somente beijos na porta de casa e mensagens lindas seguidas de reticências que pediam eternidade de resposta. Mas, não seríamos eternos se só nos disséssemos amar. A eternidade pedia mais que amores, pedia respeito e concessões, coisa que não nos faltava quando nos colocávamos no colo dos nossos sonhos.
“Pouca comida é miséria, comer pouco é educação. Feiura no rosto é apenas feio, feiura na tela é irreverência. Lixo é repugnante, lixo moldado é reciclagem. Mulher nua na rua é prostituta, mulher nua na rua segurando um cartaz é protesto. Velho com vitrola é atrasado, jovem com vinil é estilo. Pobre artista é pichador, rico com tinta é gênio. Baile funk é perda de tempo, balada eletrônica é diversão. Ir sem roupa ao shopping é atentado violento ao pudor, ir sem roupa à praia é naturalismo. Milionário usando chinelas é humilde, humilde com chinela é milionário. Cachorro com coleira é fofo, cachorro sem coleira é vira-lata. Sirene em bairro rico é ambulância, sirene em favela é polícia. Estrondo em dia de jogo são fogos de artifício, estrondo em dia de jogo dentro da comunidade são traficantes. Aluno que cola é esperto, aluno que estuda é otário. Mentira dita muitas vezes é verdade, verdade nunca dita é mentira. Solidão aos dezesseis é drama, solidão aos sessenta é necessidade. Cabelo enrolado é cabelo ruim, cabelo liso com babyliss é sexy. Palmada em filho é disciplina, palmada em aluno é caso de notícia. Modelo gorda é inaceitável, modelo magra é pleonasmo. Macaco é racismo, branquelo é apelido. Seios na televisão é apelação, seios na televisão em fevereiro é carnaval. Foto do pé é cafona, foto do pé com efeito de instagram é vintage. Criança magra é desnutrida, criança obesa é descuido. Menino com amigas é gay, meninas com amigos é oferecida. Homem com várias é inspiração, mulher com vários é mal falada. Adotar um bebê é amor, adotar um adolescente é caridade. Palavrão na rua é baixaria, palavrão na música é alternativo. Verde e amarelo é cafonice, torcer pra seleção é patriotismo. Beijar é bom, beijar dois na mesma festa é segredo, beijar outro é traição, beijar ninguém é ser encalhado. Andar de mãos dadas é fofo, andar da mãos dadas com alguém do mesmo sexo é pouca vergonha. Reclamar do governo é legal, fechar a TV no horário político é rotina. Mandar cartas é velharia, receber cartas é romantismo. Não ter filhos é lamentável, optar por não ter filhos é estilo de vida. Xingamento na cama é ousadia, xingamento na mesa é barraco. Criança loira, bem vestida e sozinha está perdida, criança negra, suja e sozinha é assaltante. A fome é um problema mundial, a fome do outro não é problema meu. Bonita e difícil é atraente, bonita e fácil é vagabunda, feia e difícil é burra, feia e fácil é descartável. Bater em mulher é machismo, mulher bater em homem é engraçado. Católico assassino é banalidade, protestante assassino é hipocrisia. Passear no campo é liberdade, morar no campo é falta de dinheiro. Óculos espelhado é horrível, óculos espelhado de marca é moda. Livro de cinquenta reais é caro, uísque de cinquenta reais é festa. Matar um cachorro é desumano, matar um boi é churrasco. Um assassinato é fatalidade, três mil é estatística. Ser ou não ser é Shakespeare, indecisão é defeito. Acreditar no amor é beleza, acreditar em alienígenas é ilusão. Grito na música é rock’n’roll, grito sem ritmo é falta de argumentos. Loucos só passaram a existir quando a normalidade foi inventada, diferenças só não foram aceitas quando alguém tentou ser diferente. Conceitos não mudam realidades, mas realidades mudam conceitos. Pessoas não são palavras, mas palavras formam pessoas. Se é certo que somos produtos do meio, é certo também que somos somente produtos. Indivíduos são matérias-primas em abundância, mas individualidade é artigo de luxo. Rótulo na embalagem é essencial, rótulo em tudo é apenas uma sociedade.”

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

"Se ele sentir sua falta, ele vai ligar. Se ele se importa com você, ele vai demonstrar. Não precisa cobrar. Se ele quer, ele faz. Se ele não faz, não ache que o problema é você. Apenas pare de gastar seu tempo com ele, porque ele com certeza não pretende gastar o tempo dele com você.”

— Tati Bernardi.

“Então liguei pro meu velho amigo de sempre. E ele veio correndo, consertar meu coração, acalmar meus medos. E disse que nada mudou, foram 56 mil anos mas nada mudou. Ele ainda está aqui pra mim.”
— Tati Bernardi.

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Querendo ou não, chega uma hora em que as pessoas têm que mudar, que as pessoas têm que crescer. E isso não é uma escolha, é um aprendizado. Você muda a cada coisa nova que você aprende, a cada erro que você comete, a cada vez que te decepcionam. É por isso que você vai passar por constantes mudanças durante toda a sua vida. Porque erros você comete todos os dias, você aprende coisas novas todos os dias, te decepcionam a toda hora. Então aceite e compreenda as mudanças que acontecem com você e com quem vive ao seu redor. Ninguém muda porque quer, e se alguém mudou é porque foi preciso!
Sensível pra cacete, maldosa na mesma intensidade, feliz de andar cantando e depressiva de nunca achar que uma janela é só uma janela. E cheia de manias bem estranhas… Eu sou sim a pessoa que some, que surta, que vai embora, que aparece do nada, que fica porque quer, que odeia a falta de oxigênio das obrigações, que encurta uma conversa besta, que estende um bom drama, que diz o que ninguém espera e salva uma noite, que estraga uma semana só pelo prazer de ser má e tirar as correntes da cobrança do meu peito. Que acha todo mundo meio feio, meio bobo, meio burro, meio perdido, meio sem alma, meio de plástico, meia bomba. E espera impaciente ser salva por uma metade meio interessante que me tire finalmente essa sensação de perna manca quando ando sozinha por aí, maldizendo a tudo e a todos. Eu só queria ser legal, ser boa, ser leve. Mas dá realmente pra ser assim? 
Tati Bernardi
Tomara que a gente tenha maturidade suficiente para olhar pra dentro e reconhecer nossas falhas. Tomara que a gente consiga descartar o que não serve sem apego ou drama. Tomara que a gente possa olhar para a frente sem aquela mágoa azeda do que ficou para trás. Tomara.
Solidão não é a falta de gente para conversar, namorar, passear ou fazer sexo… Isto é carência! Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar… Isto é saudade! Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe, às vezes, para realinhar os pensamentos… Isto é equilíbrio! Solidão não é o claustro involuntário que o destino nos impõe compulsoriamente para que revejamos a nossa vida… Isto é um princípio da natureza! Solidão não é um vazio de gente ao nosso lado… Isto é circunstância! Solidão é muito mais do que isto! Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa alma.
Não sei o porquê que ainda assisto aquele desenho 'caverna do dragão', acredito que eu já tenha assistido cada episódio no mínimo umas cinco vezes, acredito que quase ninguém mais o assiste, mas eu não consigo deixar de sentar no sofá toda vez que o vejo passar.
Hoje depois que acabou mais um episódio em que eles ainda não voltaram para casa desliguei a tv e me peguei pensando o porquê gosto tanto dessa história. Primeiramente pensei que era por que o mesmo recordava a minha infância, e por que eu nunca assisti o episódio em que eles realmente conseguem voltar para casa.
Tirei mais uma conclusão ao longo do dia, eu gosto desse desenho por quê mesmo que algo dê errado todos os dias, ainda assim eles não desistem do seu objetivo maior, ainda assim eles não se deixam abater. Acho que gosto mais desse desenho por quê ele me lembra a nossa história, me lembra eu e você... A gente luta todos os dias para estarmos juntos, e ainda que eventualidades aconteçam o nosso desejo não perde aquela força bonita que ele tem. Ainda que duzentos empecilhos tentem nos deter a nossa vontade de ficar junto nunca tem fim.
E como minha última conclusão tirada hoje, eu desejo que sejamos como os garotinhos do desenho, desejo que sempre algo nos aconteça para que possamos lembrar o porquê estamos aqui.

- Nadine Queiroz
Preciso de amigos, balada, bebida, uma dose de vodka, ou duas quem sabe. E entre um gole e outro quero esquecer tudo o que não me acrescenta, quero não precisar mais lembrar de você.
Quero libertar meu coração dessa vontade absurda de ouvir a tua voz, de olhar em teus olhos e de tocar a tua pele, quero me libertar de você.
Porque me sinto aprisionada a um alguém que não possui sentimentos recíprocos, me sinto aprisionada a um alguém que não deseja doses de vodka para esquecer a dor, me sinto aprisionada a quem não se esforça para retribuir os meus desejos, me sinto aprisionada a você e a todos esses seus malditos detalhes, por isso, preciso de meios que me ajudem a te esquecer, preciso de meios que me façam livre e independente de ti.
Preciso de algumas doses de vodka a mais, talvez três garrafas não sejam suficientes, mas uma hora algo vai me libertar, uma hora não estarei mais presa a você.

- Grazzy Gonçalves & Nadine Queiroz
E se alguém perguntar de mim para você, simplesmente responda: ela traduziu minha vida, me tirou da escuridão em que vivia, me trouxe de volta e me proporcionou toda uma maravilhosa vida, mesmo que por pouco tempo, mas ela me fez renascer novamente.
E se depois disso alguém lhe disser: E porque vocês não estão juntos? Responda isso: - Não fui capaz de traduzir todo o sentimentalismo dela voltado para mim, não fui capaz de dar a reciprocidade necessária e hoje sei que alguém muito especial vai entrar na vida dela, e ocupará aquele espaço que por muito tempo foi meu e eu não soube cuidar, proteger. 

- Grazzy Gonçalves