Eu entendo. Muito mais do que para nós mesmos, para todas essas pessoas era importante que a gente ficasse junto, perpetuando aquela paixão inaugural que adoecia as pessoas de inveja. Éramos os John e Yoko do bairro. A última esperança que o mundo tinha de que amar é uma coisa possível e não apenas uma promessa de quem quer vender mais absorventes nos intervalos da novela. Fomos tão irresponsáveis com nosso amor que esquecemos da nossa parcela de contribuição com o mundo. O tempo vai passar e as pessoas vão usar suas memórias, e para sempre nos ver como aquele inesquecível casal, mesmo que agora sejamos só amigos, ou nem isso. Então volta. Pelos meus priminhos que diziam que você era legal e parecia com uma tal de Selena Gomez. Volta pelo cão da dona Mirtes que não para de uivar na janela em dias de chuva. Volta por minha mãe que não tem mais com quem conversar esses troços de mulher. Volta para alavancar as vendas de linhaça do seu pobre amigo feirante. Volta pra passar vergonha no salão de beleza. Não faz sentido voltar só porque temos um passado, se você gosta desse tipo de coisa é melhor sintonizar o History Channel. Mas não faça por mim, não precisa ser por mim, nem que seja pelo monte de gente para os quais é importante que a gente fique junto, volta. Mas quem se importa? Sei que eu não me importo. Mais. Não me importo mais. Estou de saco cheio de me importar. O mais fascinante depois de todos esses anos mentindo pra mim mesmo é que eu ainda caio na minha.
- Gabito Nunes
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