Um dia você, vai estar sozinho, vai fechar os olhos e tudo estará escuro. os números da sua agenda passarão claramente na sua frente e você não terá nenhum para discar. sua boca vai tentar chamar alguém, mas não há ninguém solidário o bastante para sair correndo e te dar um abraço, nem te colocar no colo e acareciar seus cabelos até que o mundo pare de girar. e nessa fração de segundos, quando seus pés se perderem do chão, você vai lembrar da minha ternura e do meu sorriso infantil. virão súbitas memórias gostosas dos meus abraços e beijos, da minha preocupação com você e só vão ter algumas músicas repentinas no seu rádio, as nossas. em um novo momento você vai sentir um aperto no peito, uma pausa na respiração e vai torcer bem forte para ter o nosso mundinho delicioso denovo. o nome disso é saudade, aquilo que eu tinha e te falava sempre. e quando você finalmente discar o meu número, ele estará ocupado demais, ou nem será mais o mesmo, ou até eu nem queira mais te atender. e se você bater na minha porta ela estará muito trancada, se aberta, mostrará uma casa vazia. seus olhos te ensinaram o que são lágrimas, aquelas que eu te disse que ardiam tanto. o nome do enjôo que você vai sentir é arrependimento, e a falta de fome que virá chama-se tristeza. então quando os dias passarem e eu não te ligar, quando nada de bom te acontecer e ninguém te olhar com meus olhos encantados. você encontrará a famosa solidão. a partir daí o que acontecerá, chama-se surpresa. e provavelmente o remédio para todas essas sensações, é o tal tempo em que você tanto falava!
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