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quinta-feira, 20 de janeiro de 2011


“Eu sou menos mal do que falam. Menos legal do que parece. A cor da pele é falsa e os desenhos saem na água. O nariz é bonitinho, mas sem maquiagem eu assusto. Tenho pouco cabelo, no inverno as unhas do pé são feias e eu falo demais. Ainda não cansei de ser eu. Mesmo não querendo culpar, eu ainda vou desculpar você. No que precisar eu vou ajudar. Seja para construir os mais belos castelos, seja para destruir corações. Nesse último caso o coração é sempre o mesmo, o meu. Eu me permito, eu me reinvento, eu minto, eu ressuscito quando não se espera. Ou simplesmente não desejam. Eu digo quantos eu te amo eu quiser. Eu mordo a língua até cair. Minha cara de pau já é de aço. Falo mal de ti, de mim e dos anos que nós dois passaremos juntos. Faço piada da desgraça. Tenho as lágrimas gordas e pouco saco. Sou câncer. Sou leão. Sou aquário. Mas não sou virgem. Quero dinheiro, comer tudo que vejo e um dia me adaptar realmente ao mundo. Mudei mas não cresci. Não estou nem aí para o sistema mas volto para casa quando minha mãe manda. Sou clichê. Sou impulsa. Sou avessa, contradição, carnal, sou dúvida. Eu manipulo se der. Dou boas vindas às conseqüências e reafirmo, não sei viver de médias expectativas. Sou um, dois, três personagens por dia. Sou malandra, aprendi a jogar sujo sem me importar. Mas apaixonada por ti eu serei o que quiseres. Monofásica. Insaciável. Vidro. Sou todos os pronomes possessivos. Artigo indefinido. O perfume mais enjoado, o meu pior inimigo e, mesmo assim, ainda o filme mais assistido. Eu sou tudo aquilo que eu quero ser quando crescer.”

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