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quarta-feira, 15 de agosto de 2012


E então disse o Charles: “Como pode dizer que ama uma pessoa quando há dez mil outras no mundo que você amaria mais se conhecesse?” E antes que eu pudesse formular uma resposta, ele mesmo completou: “Mas a gente nunca conhece”. Ou talvez conheçamos dez mil outras pessoas por quem gostaríamos de nos apaixonar, mas, elas não são aquela outra. Podem ser melhores, mais bonitas. Podem nos fazer rir mais, gostar mais da vida. Podem tudo, mas a única coisa que não podem, é: ser aquela outra.
Talvez amar seja não precisar nem um pouco, mas querer mesmo assim. Talvez amar seja tanta coisa que hoje eu desconheça ou finja desacreditar. Talvez amar seja esfriar, seja aquecer, seja abraçar, seja morder. “Talvez” é a palavra que melhor combina com “Amor”. Talvez seja tudo, ou seja nada, ou talvez só seja. Talvez amor, amor talvez.
Hoje acredito que amor seja só uma palavra inventada pelo homem para justificar ou definir o que ainda nenhum ser vivo contemplou com exatidão. Quem ousa dizer o que é o amor? Quem sabe lá, se já sentiu ou sente um amor de verdade? A gente nunca sabe o que sente, se sabe, desconfio que não haja sentimento. O amor só é amor, quando trás aquela dúvida, aquele pensamento, aquele fechar de olhos na música lenta, aquele querer dançar junto na música agitada.
Desconfio que amar não seja lembrar o tempo todo. Amar é lembrar no momento oportuno. Não é ligar quando ficou preso no trânsito, no barco ou na vida. É ligar quando a vontade pedir. Não é encontrar porque é cômodo, é encontrar porque a saudade é incômoda. Talvez amor, amor talvez. Talvez seja, ou seja talvez. Talvez. Seja.
Amar é ter tudo, todos, mas, sentir falta daquela pessoa. A gente sempre pode conquistar o mundo. A gente pode ganhar rios de dinheiro. A gente pode conhecer lugares novos, pessoas novas, beijos novos, toques novos, carícias novas. A gente pode tanta coisa nessa vida, a gente pode voar, a gente tem o céu com tantas estrelas ainda não vistas. A gente pode tudo, mas, sente falta daquela pessoa.
Aquela pessoa pode não ter nada, pode não ser ninguém. Aquela pessoa pode não me proporcionar um status, um lucro financeiro, uma fachada. Aquela pessoa pode não me dar o melhor que ela pode ser. Aquela pessoa pode esconder o jogo. Aquela pessoa pode ser tudo, menos deixar de ser aquela pessoa. Acho que amar é isso. Encontrar aquela pessoa. Aquela que talvez seja tudo, ou seja nada, ou talvez só seja, aquela pessoa.
Matheus Rocha 

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