Não era lance, muito menos romance. Era sorrisinho bobo quando via, era olho no olho tentando achar o que os dois viviam procurando em alguém. Era coração calmo entre uma conversa e outra, era peito apertado quando não dava pra conversar. Era diferente, era igual, era amizade com gostinho de brincadeira. Um sentia o gosto do outro, mesmo que nunca tivessem se beijado ou andado de mãos dadas por ai. Um sentia o outro de um jeito diferente - mas no fundo, morriam de vontade de se sentir como se sentem por ai. Ela contava como quase nunca o cara que ela tava saindo acertava, e ele contava como quase sempre ele não achava ninguém interessante pra se acertar. Mas os dois morriam de vontade de contar pros outros histórias sobre eles dois. Não era amizade colorida, era preto no branco - impossível de colorir. Não era pra ser, os dois simplesmente sabiam e aceitavam. Mas nunca negaram entre sí a vontade de ser mais do que eram, mesmo que nunca tivessem falado sobre isso – tava na cara, não precisava falar. Complexo errado de conto de fadas, um feito pro outro – mas não pra ficar junto.

Teca Florencio.