Ela ja havia perdido a conta de quanto tempo estava assim, sentada no chão do banheiro com a cabeça apoiada nos joelhos e deixando a agua do chuveiro se misturar com as lágrimas. Havia estado por tempo suficiente para seus dedos começarem a engelhar, mas ela não se importava, deixava o barulho da agua abafar seu pequenos gemidos e grunidos. Ela chorava, chorava porque já não aguentava mais apanhar da vida, já não aguentava mais criar falsas expectativas, não aguentava mais tanta esperança em vão. Ela estava tão cansada de esperar, esperar pelo dia em que as coisas vão começar a dar certo, esperar pela pessoa ”certa” que parece não chegar nunca. Esperava pelo dia em que acordar pela manhã não seja tão dificil. Ela começou chorando por um motivo e acabou chorando por todos. Ela se sentia tão desprotegida, tão vulneravel, que o mundo fora daquele banheiro a assutava. Ela tentava reunir coragem e motivos para levantar daquele chão, mais nenhum parecia bom o suficiente. A agua quente parecia envolve-la em um abraço confortante. E ela havia se perguntado quando tudo havia perdido o rumo desse jeito. Quando as coisas haviam ficado tão dificies. Ela se sentia tão perdida que queria poder abrir um buraco no chão e se enfiar lá pra nunca mais sair.
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