Ele não tem medo de gatos como você. E até propôs que comprássemos um em nossa nova casa. Sim, a gente mora junto. Ele tem um bom emprego e agora eu trabalho também. Estou naquele hospital que sempre te falei, mas você nunca lembrava qual. Parecia que não prestava atenção nas coisas sobre a minha faculdade. Ele não conhece metade das músicas que a gente cantava juntos. E isso é bom, porque em nenhum silêncio de domingo, ele cantarola algo que me faça lembrar de você.
Mas devo assumir que ainda sinto a tua falta. Principalmente nos dias frios. Ou nos dias de sol. Ou nos dias de nada. Quando eu saio com ele e ficamos até o fim dos eventos, lembro de como eu e você não conseguíamos ficar tanto tempo em meio ao público. A gente sempre dava um jeito de voltar correndo para o nosso pequeno sofá-cama. Lembra?
Passaram alguns anos e soube que você se apaixonou por algumas meninas pelo caminho. Eu estou ficando velha e preciso criar a minha família. Preciso continuar os meus próprios sonhos – aqueles que nem lembrava ter antes de você chegar e tornar tudo “nosso”. Eu não podia esperar por você pra sempre, droga. Mas eu tentei. Eu quis telefonemas após eu desligar o telefone. Eu quis visitas após bater a porta na tua cara. Eu quis palavras doces após xingamentos desnecessários. Eu quis você em tantos caras com cabelo bagunçado que até perdi a noção dos meus próprios gostos."
(Hugo Rodrigues)
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