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terça-feira, 9 de outubro de 2012


Eu só acho que o que tínhamos devia ser mais do que passado e que no fundo, talvez bem lá no fundo, você ainda sinta uma lasquinha de amor por mim. Isso que você sente por esse outro alguém vai passar, seria comparável até a uma chuvinha de verão. É algo passageiro e só você não consegue ver isso. Eu também me interesso por outras pessoas, inclusive por aquele meu amigo do inglês, mas acontece que eu me permiti entender que o que eu sinto por ele é uma coisinha de nada e o que eu sinto por você é mais, talvez muito mais, do que isso. Eu nem tento me enroscar em outra pessoa porque essa história eu já conheço e sei até de trás pra frente o final. Sei que no fim, quase na hora dos créditos, eu volto pra você e peço perdão, então você fala que está cansado de ter que me desculpar todas e todas as vezes, mas então perdoa só mais uma vez, sabendo que errarei muito mais. Agora me responde só mais umas perguntas, pode ser? Você consegue se ver ao lado dessa pessoa daqui a, tipo assim, uns 10 anos? Você consegue se imaginar dividindo o mesmo teto e conversando com ela sobre o dia corrido do trabalho? Você conseguiria pegar os vícios de linguagem dela, assim como pegou os meus? E as palavras? Você conseguiria criar palavras com essa pessoa, assim como nós criamos? Caso as respostas para todas essas perguntas tenham sido “sim”, meus sinceros parabéns. Parabéns de coração, porque sinceramente, comigo seria muito mais complicado. Dividir o mesmo teto seria um caos, imagina só, nenhum de nós sabe cozinhar e você detestaria minhas manias de organização. Falar sobre o dia corrido do trabalho? Ah, faça-me o favor, não é? Já não basta ter que aturar o trampo, não? Agora ter que chegar em casa e falar sobre isso? Eu quero mais que isso. Eu não quero dividir o teto, o que eu quero é dividir o lar. Eu não quero falar sobre o trabalho, trânsito ou sobre as contas. Eu sei muito bem que seria difícil todos os dias, mas eu estou ou estava, tanto faz, disposta a lutar por isso todos e todos e todos e mais todos os dias, porque a coisa mais importante pra mim é ter a sua companhia. Agora é engraçado porque você, de acordo com os meus cálculos, hipóteses e se bem te conheço, está fazendo com alguém todos os planos que nunca fizemos. Deve já ter até decorado o número e as gírias, o modo de arrumar o cabelo e até o andar. Eu te decorei, te aprendi e te decifrei como uma música de Nando Reis. Eu me sincronizei para combinarmos, me converti para encaixarmos e agora já não passamos de uma música jamais ouvida. Apesar de todas as palavras, só me entende quem também sente, ou seja, se já não sente nada, isso tudo aqui não passa de um bolo de palavras que não chegam pra porra nenhuma. Se tanto faz pra você, tanto faz pra mim. Só queria terminar esse texto como quem já não se importa, então acho que tá tudo certo.
ANNE.

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