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sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Ele tinha uma pitada de lance impossível – uma cilada pra quem adora um desafio tipo eu. Falava comigo como quem não queria nada, como quem tivesse certeza de que não sentia nada, e que nunca iria sentir. E eu fazia o mesmo, jogava o mesmo joguinho apostando todas as fichas em mim – já tinha doutorado nesse lance de fingir desinteresse. Eram dois grandes adversários competindo pra ver quem amava menos. E claro que eu já tinha perdido, ou eu gosto ou não gosto, comigo não existe esse lance de gostar menos. Eu já tava na dele, mas só eu sabia disso. Com ele eu continuava sendo a pseudo-sem coração – não amo ninguém garoto, não gosto de ninguém, se enxerga. Não sei de onde eu tirava forças pra deixar o celular de lado e não ligar correndo chamando ele pra sair – desafio é desafio, a gente precisa ser forte. Quando ele mandava mensagem eu demorava décadas pra responder – desculpa a demora, tava ocupada demais pra falar com você. E é claro que eu não tava, eu já tinha digitado a resposta na mesma hora que tinha visto a mensagem – se controla menina, não responde agora não. Autocontrole, ta ai uma coisa que eu não tenho. Mas me torno a Rainha do controle quando fico envolvida nesses romances impossíveis – pra tornar possível basta eu querer e fingir pra ele que eu não quero nada, é simples. Quanto mais a gente se mostra interessada, mais eles fogem – é lei. Pra ter eles correndo, e não fugindo, é só inverter. E eu invertia direitinho. Invertia tanto que um dia me peguei ignorando uma chamada dele, sem joguinho, sem desafio, eu só não tava afim de atender por livre e espontânea vontade – incrível, né? Depois da terceira chamada ignorada dele, ficou na cara – eu tinha ganhado. De lance impossível, virou um possivelmente apaixonado por mim. Retornei as ligações depois de um tempinho – não consegui disfarçar a voz de quem fica em primeiro lugar numa corrida contra o amor. Ele sabia que tinha perdido, mas parecia não ligar mais pra isso. De alguma forma eu tinha virado a garota especial – vai entender esses homens – que fez com que ele desistisse da competição. Saímos e adivinha? Estamos juntos, perfeito. Nenhum troféu no mundo se compara com o que eu ganhei: ele.
Teca Florencio.

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