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quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Eis que quando você já estava perdendo a esperança, ela surge na mesa ao lado. Os cabelos encaracolados castanhos e volumosos. Na pele, nada de sombras azuis, na boca, nem sinal de batom vermelho. Você desce o olhar pra notar os seios, que caberiam na palma de uma mão, delicadamente pesando pra baixo. Não há ferros nem bojos fazendo o crime de impedir que eles dêem aquela leve caída dos deuses. As mãos que viram as páginas do cardápio são inegavelmente femininas – dedos pequenos, revelam uma surpresa em suas pontas – não há esmaltes – nada de cabaret, new york, beijo molhado, preto fosco, verde palmeiras. Nos pés também não se vê aquela pontinha de band-aid denunciando que a escolha da noite passada periodizou a beleza, e não o conforto. Seus pés parecem felizes dentro de um sapato confortável. As roupas, mostram pouco diretamente, mas deixam vários sinais de que o que está por baixo delas é um conjunto inteiro que faz muito mais milagres do que só uma bunda malhada. Ela parece não se importar com padrões porque o que importa nela é ela mesma – e porque sabe que não adianta de nada uma embalagem bonita se o conteúdo não surpreender. Sabe que a vida é curta demais e decidiu gastar seu tempo com coisas que realmente importam. Na verdade, ela está pouco se fodendo pra essa disputa de pessoas vazias em busca de um lado externo perfeito. E, se você quer mesmo saber, ela não dá a mínima se você a acha menos gostosa por isso.
Casal Sem Vergonha

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