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quinta-feira, 4 de setembro de 2014

“Não dói mais. Agora me dói não doer. A ferida aberta era uma forma de te sentir ainda comigo, mesmo sendo da pior forma possível. Eu sempre quis que essa dor cessasse, mas tinha medo da cura. Sabia que seria inevitável impedir que esse dia chegasse. Chegou. E, com isso, você se foi definitivamente. O que te manteve cravado em minha pele se esvaiu. Minha única memória fixa perdeu as formas, os gostos, os cheiros, as lembranças, o toque. Acabou, passou, não dói mais. A ferida se fechou e agora só me resta a cicatriz que, mesmo sendo uma forma de lembrar você, já não dói. É só uma prova de que um dia já senti. Mas, quem garante? A dor quando passa parece que nunca existiu; os amores esquecidos parecem que jamais foram vividos. A cicatriz é indolor. Não te sinto mais comigo.”

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