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sexta-feira, 2 de maio de 2014

Eu tava bem ali, do lado dele. E a única coisa que pensava era que ali era o único lugar que eu não deveria estar. De algum jeito, em alguma dessas curvas, a gente mudou. Eu entrei no retorno e ele seguiu a via. E ainda assim continuamos de mãos dadas. Acho que dá pra imaginar a dor de se sentir sendo puxada pra frente enquanto você tá seguindo na direção contrária. Doía cada pedaço do meu corpo. Juro. Porque, de algum jeito, que não dá explicar, eu ainda queria a mão dele na minha. Eu queria querer seguir em frente, na mesma direção, só pra ter ele por perto. Mas não dava. Impossível. Abrir mão de mim tava fora de cogitação, mesmo que isso implicasse abrir mão da metade de mim. Eu sentia saudade de nós mesmo quando ainda éramos nós. Tava tudo errado. Nossa linha paralela tinha virado perpendicular e eu demorei a perceber. O lado a lado não passava de uma ilusão de ótica e eu não precisava de mais utopia. Acho que minha mão doeu mais ao se soltar do que quando tava sendo puxada. Não tento entender. Tento seguir e, vez ou outra, paro no meio da estrada só pra ver se ele tá por aqui – no mesmo caminho ou pelo menos parado ali pela esquina.
Teca Florencio.

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