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quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Minhas mãos suavam enquanto eu discava o número dele. Apaguei umas três vezes antes de tomar coragem pra deixar chamar. Uma. Duas. Três - coração acelerado. Quatro chamadas, voz de homem fatal do outro lado da linha. Fatal o suficiente pra me fazer esquecer de respirar. O que eu tava querendo falar com ele mesmo? Mal lembrava meu nome. Ele, sempre tão prestativo e atencioso, já veio perguntando como eu tava - eu tava na sua, idiota! Respirei fundo pra tentar disfarçar a tremedeira na voz e respondi que tava tudo bem, nunca estive melhor - mentira. Ele veio jogando as piadinhas bobas de sempre, a conversinha barata de sempre, a mágica de sempre, que sempre conseguia me hipnotizar. Lembrei, eu tava ligando pra dizer que eu não queria mais ligar. Pra dizer que era amor demais, mas que o coração já tava cansado. Eu tava ligando pra dizer adeus. Mas como se diz adeus pra alguém que você quer que fique? Tentei puxar assunto, comentei sobre uma amiga de uma amiga de uma amiga que tava na mesma situação que nós dois - um relacionamento, sem relacionamento. Ele meio que fingiu que não era com ele, que ele nem sabia do que eu tava falando. Dei uma pausa na conversa e fiquei uns segundinhos em silêncio - eu tava orando desesperadamente pedindo a Deus que ele me achasse chata demais e me mandasse embora. Porque eu simplesmente não conseguia ir, eu precisava de um motivo - um motivo maior do que os que eu já tinha. Um pé na bunda seria ideal. Acho que ele nem pensou na possibilidade, a primeira coisa que disse depois do meu silêncio foi: ''quando vamos nos ver?'' Como a gente diz não pro amor? Como é que o coração conseguia amar tanto e sofrer tanto ao mesmo tempo? Dei uma risada - meio que de desespero - e disse que sábado tava livre - outra mentira, eu tava totalmente presa na dele.
100palavras,100amores. (Teca Florencio)

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